Chapa da oposição é
eleita para comissão do impeachment.
Após muita confusão no plenário da Câmara,
a chapa apoiada pela oposição e por uma ala do PMDB foi eleita nesta
terça-feira (8) para a comissão que analisará o processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara, com 272 votos dos 471 deputados que
votaram.
A chapa apoiada pelo PT e pelo
governo teve 199 votos.A votação foi secreta. O
resultado foi comemorado com gritos de "impeachment,
impeachment" de deputados no plenário, enquanto parlamentares da base
estenderam uma grande faixa com a inscrição "não vai ter golpe".
Entre os nomes da comissão que
deve analisar o processo de impeachment, estão os deputados tucanos Bruno Covas (SP) e Carlos
Sampaio (SP) e dos conservadores Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano
(PSC-SP). A chapa 2 tem 39 inscritos e os outros 26 deputados que precisam
ser eleitos para preencher as 65 vagas serão escolhidos em votação
complementar, que ocorrerá amanhã.
O início da votação que
escolheu a comissão especial para analisar a abertura de processo de
impeachment contra a presidente Dilma começou com tumulto entre os deputados.
Deputados do PT e da base do
governo, contrários à eleição por voto secreto determinada pelo presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentaram ocupar as cabines de votação para
impedir que os outros deputados votassem.
O PC do B entrou com uma ação
no STF (Supremo Tribunal Federal) em que pede que a eleição da comissão seja
feita por voto aberto. Até as 18h22 desta terça-feira, o Supremo não havia
ainda se pronunciado.
Com a confusão, o equipamento
de duas das cabines foi danificado. A cabine conta com uma tela sensível ao
toque e um aparelho de biometria para conferir a impressão digital dos
deputados.
Duas chapas concorriam para
compor a comissão do impeachment. Uma delas foi formada após a ala
do PMDB favorável ao impeachment se unir aos partidos da oposição.
Apesar disso, todos os partidos terão representantes na comissão de 65
deputados.
O deputado Sílvio Costa (PT do
B-PE), um dos vice-líderes do governo, afirmou que o resultado da votação é
positivo ao governo, pois mostra que há uma base consolidada capaz de
barrar o impeachment no plenário -- para evitar o afastamento da presidente,
são necessários 171 votos.
"É uma derrota do governo mas que mostra que a
base está consolidada", disse. "Está provado que não tem imoeachment.
Nós temos 199 votos consolidados", afirmou.
Segundo Costa, a votação
secreta favoreceu traições ao governo, o que deve ser dificultado na decisão
sobre a abertura do processo de impeachment, feita com voto aberto.
O líder do PSDB na Câmara,
Carlos Sampaio (SP), afirmou que o placar da votação indica o enfraquecimento
do governo na Câmara e um crescimento das chances de impeachment.
"Após ter negociado ministérios e emendas
parlamentares com todos os seus deputados, [o governo] chegou a 199 votos. A
tendência do governo é cada vez perder votos, e, portanto, a chance do
impeachment é cada vez maior", disse.
Segundo Sampaio, o PMDB teve
um papel "importantíssimo" na votação, mas outros partidos da base
também contribuíram para a derrota do governo.
"São 13 partidos [na chapa]. A oposição nós somos PSDB, PPS, DEM, e
Solidariedade", disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário