A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê um ano
de relativa estabilidade tarifária, depois de 2015 registrar aumentos
superiores a 50% nas contas de luz dos brasileiros. A previsão foi feita pelo
diretor-geral da agência reguladora, Romeu Rufino, em entrevista ao Broadcast
do jornal O Estado de S. Paulo. "Eu diria que a tarifa de energia elétrica
tende a andar de lado, meio de lado. Eventualmente, podemos ter até uma pequena
redução na tarifa de algumas distribuidoras", disse o executivo.
Segundo Rufino, os itens que mais contribuíram para elevar a
conta de luz em 2015 vão ajudar a reduzi-la neste ano, principalmente para os
consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É o caso da tarifa
de Itaipu, que ficará 32,27% mais barata neste ano, e dos subsídios do setor
elétrico - cobrados por meio do encargo Conta de Desenvolvimento Energético
(CDE) - que devem cair 7,27% para essas regiões.
A agência reguladora prevê que o impacto da redução desses
dois itens será forte a ponto de neutralizar o custo de outros componentes, que
vão subir ou acompanhar os índices de inflação.
Juntos, Itaipu e CDE foram responsáveis por praticamente
metade do tarifaço de cerca de 50% de 2015. "A queda da tarifa de Itaipu e
da CDE tende a neutralizar o aumento de outros itens. Por isso, acreditamos em
uma certa estabilidade na conta de luz "
Entre os itens que vão aumentar neste ano, estão a tarifa de
Angra 1 e 2, que subirá 27,41%. De acordo com Rufino, porém, a energia dessas
usinas abastece todos os Estados do País, de forma que o reajuste será diluído.
Além disso, o volume de energia dessas usinas representa apenas 2% do mercado
nacional.
Outro componente que vai contribuir para elevar a tarifa é a
energia produzida pelas usinas antigas, leiloadas em novembro. Elas renderam
uma outorga de R$ 17 bilhões ao governo, custo que será incluído na conta de
luz. O impacto em cada distribuidora será diferenciado e vai depender da
quantidade de cotas que cada empresa tem em seu mix de energia.
"Isso vai ser uma pressão de alta na tarifa, pois essa energia estava valorizada por cotas, cobrindo apenas o custo de operação e manutenção, e agora será substituída pelo valor do leilão", explicou Rufino. "Porém, proporcionalmente, não é um volume de energia tão expressivo", acrescentou.
"Isso vai ser uma pressão de alta na tarifa, pois essa energia estava valorizada por cotas, cobrindo apenas o custo de operação e manutenção, e agora será substituída pelo valor do leilão", explicou Rufino. "Porém, proporcionalmente, não é um volume de energia tão expressivo", acrescentou.
Responsáveis por cerca de 25% da tarifa de energia, os custos
gerenciáveis das distribuidoras, representados pela Parcela B, devem acompanhar
o comportamento da inflação, assim como os demais contratos de energia firmados
entre geradores e distribuidores. "Mas, com a redução de Itaipu e da CDE,
esses itens que vão aumentar ou acompanhar a inflação devem ser neutralizados.
É por isso que eu acredito na estabilidade das tarifas de energia neste
ano", explicou Rufino.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de
Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, tem avaliação semelhante à de Rufino.
"Acreditamos que as tarifas neste ano terão um viés de estabilidade e, em
alguns casos, até baixa", disse.
O calendário de reajustes das tarifas de energia vai de
fevereiro a dezembro, dependendo da data de aniversário de cada distribuidora.
As primeiras a passarem pelo processo, no inicio de fevereiro, serão CPFL
Jaguari, CPFL Mococa, CPFL Santa Cruz, CPFL Leste Paulista, CPFL Sul Paulista e
Energisa Borborema.
Diferentemente do início de 2015, o descompasso entre oferta
e demanda de energia também não será fonte de preocupações neste ano. De acordo
com Rufino, o volume de chuvas sinaliza uma situação melhor do que se esperava
para o setor. Além disso, a entrada de novas usinas no sistema, o aumento do
nível de intercâmbio de energia entre as regiões e a redução do consumo,
motivada pela queda do PIB, contribuíram para uma situação mais confortável
para o setor elétrico neste ano. "Eu acho que 2016 promete ser um ano
menos estressante no setor elétrico. Nós merecemos", afirmou o
diretor-geral da Aneel.
Fonte: AE
Nenhum comentário:
Postar um comentário