Na Usina Hidrelétrica de Mauá, no Paraná, duas turbinas entraram em operação no início do ano
Em agosto do ano passado, o Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) determinou o desligamento de usinas
térmicas com maior custo de geração. A medida foi proposta pelo Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), devido à recuperação de parte dos níveis de
armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Segundo o Ministério
de Minas e Energia, isso gerou uma economia de R$ 5,5 bilhões no segundo
semestre de 2015 e permitiu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
reduzisse o valor da bandeira tarifária vermelha de R$ 5,50 para R$ 4,50 por
quilowatt-hora consumidos.
Mas, de lá para cá, não houve nova determinação
do CMSE para que outras térmicas fossem desligadas. Na reunião mais recente do
grupo, há uma semana, foi determinado que ONS deverá continuar acompanhando as
condições hidroenergéticas do Sistema Interligado Nacional para, em função da
sua evolução, propor ao CMSE a definição da geração térmica necessária para a
garantia do atendimento energético do país.
Na avaliação do presidente do Instituto Acende
Brasil, Claudio Sales, a energia das termelétricas deverá continuar sendo usada
pelo menos até abril, quando termina o período mais chuvoso no país, para que
se possa para avaliar as condições dos reservatórios das hidrelétricas e
decidir sobre a possibilidade do desligamento. “Aí então se terá segurança para
poder, eventualmente, promover o desligamento parcial dessas usinas”, diz.
Atualmente, as termelétricas que estão ligadas geram cerca de 14 mil megawatts
médios de energia.
O nível dos reservatórios do Subsistema
Sudeste/Centro-Oeste, que é responsável por cerca de 70% do armazenamento de
água para a geração de energia no país, está em 39,1% atualmente. Em janeiro do
ano passado, o nível chegou a 16,8%. “Não é um número espetacular, é relevante
em relação ao ano passado, mas historicamente, nesta época os níveis são mais
elevados. Mas é uma melhora significativa”, destaca Sales.
A situação dos reservatórios do Sul é ainda
mais confortável. O nível de armazenamento das hidrelétricas da região está em
torno de 95%, acima dos 60% registrados no ano passado. No Norte, o nível está
atualmente em 19,4%, mais baixo que no ano passado, mas as chuvas dos próximos
meses na Região Amazônica deverão estabilizar a situação.
A situação mais preocupante é a da Região
Nordeste, onde os reservatórios estão com 8,1% da capacidade máxima. Mas,
neste caso, a demanda de energia na região é suprida pelo uso de termelétricas
e usinas eólicas e também pela energia recebida de outras regiões pelo Sistema
Interligado Nacional.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, não há
previsão de religar as termelétricas mais caras no Nordeste por causa da falta
de água nos reservatórios. “Essas térmicas mais caras continuarão sendo usadas
apenas para os seus objetivos originais: de fortalecer o sistema eventualmente,
em horários de pico; de substituir outras térmicas em manutenção; ou compensar
alguma restrição elétrica que dificulte o abastecimento de outras fontes”,
informou a pasta.
A matriz energética brasileira é denominada
hidrotérmica, ou seja, a energia que é consumida no país é produzida
principalmente por hidrelétricas com complementação de termelétricas – movidas
a óleo, gás natural, carvão e biomassa. Quando o nível dos reservatórios das
hidrelétricas fica muito baixo, o governo determina um acionamento maior de
termelétricas, para que não haja risco de faltar energia no país. No entanto,
essa energia é mais poluente e mais cara que a gerada por hidrelétricas, e o
custo acaba sendo repassado para os consumidores.
Fonte: Agência Brasil
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