Papa faz apelo a países
da Europa.
O papa Francisco
afirmou ontem que a Europa deve ser capaz de integrar migrantes sem prejudicar
a segurança dos cidadãos do continente, reconhecendo que a atual crise
migratória representa um grande desafio para os valores europeus. O pontífice
disse que o afluxo de refugiados está causando "problemas
inevitáveis" e aumentando preocupações sobre "mudanças nas estruturas
cultural e social" dos países anfitriões. Também crescem os temores
relacionados à segurança, "exacerbados pela crescente ameaça de terrorismo
internacional".
"A atual onda migratória parece estar minando as bases do espírito
humanista que a Europa sempre amou e defendeu", declarou o pontífice num
discurso anual para diplomatas no Vaticano. Com sua "grande herança
cultural e religiosa", a Europa detém os meios para encontrar o equilíbrio
entre "a responsabilidade de proteger os direitos de seus cidadãos e de
assegurar a migrantes assistência e aceitação", afirmou.
A questão da integração tem sido alvo de
acalorados debates neste início de ano, após uma série de ataques sexuais
contra mulheres ter sido registrada na noite de Ano Novo na cidade alemã de
Colônia. Testemunhas, vítimas e policiais falam que os agressores seriam homens
de aparência árabe ou norte-africana. Somente a Alemanha registrou 1,1 milhão
de refugiados em 2015, grande parte deles da Síria e do Iraque. A maioria dos
refugiados que chegaram à Europa no ano passado são muçulmanos, o que leva
muitos europeus a temerem que seja difícil integrá-los à sociedade.
Em 2015, o papa já havia pedido que a Europa
aceitasse refugiados. Segundo o pontífice, a integração bem-sucedida dos
migrantes trará benefícios sociais, econômicos e culturais para os países
anfitriões. Francisco alertou que os países mais afetados pela crise migratória
não devem ser deixados sozinhos e pediu "um diálogo franco e respeitoso
entre os países – de origem, de trânsito e de recepção – em busca de uma
solução sustentável".
Sobre o episódio das agressões sexuais, o
secretário do Interior do estado alemão de Renânia do Norte-Vestfália, Ralf
Jäger, disse que polícia de Colônia cometeu "erros graves" na noite
de réveillon. Jäger também confirmou que quase todos os suspeitos da série de
ataques têm "origem estrangeira". "A forma como a polícia de
Colônia atuou na noite de réveillon é inaceitável", disse Jäger na
Assembleia Legislativa local, numa sessão especial para discutir o ocorrido na
virada do ano. O secretário confirmou que, de acordo com evidências até agora
recolhidas, os atos foram cometidos principalmente por imigrantes, vindos
principalmente do norte da África, mas também de países árabes.
Jäger criticou os policiais de Colônia por não
terem pedido reforços, apesar da situação verificada naquela noite na estação
central da cidade e nas proximidades, e embora o país todo estivesse em alerta
devido ao temor de ataques terroristas. Ele lamentou também que o comunicado de
imprensa emitido pelo chefe de polícia local no dia seguinte tenha descrito a
situação da noite de Ano Novo como "tranquila" e a atuação policial
como "boa".
Os incidentes em Colônia custaram o cargo do
chefe de polícia da cidade, Wolfgang Albers, que foi afastado na última
sexta-feira. O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, defendeu ontem
o endurecimento da legislação vigente, devido à série de agressões sexuais e
roubos em Colônia, e salientou ser preciso identificar logo os criminosos para
puni-los. As queixas policiais registradas em conexão com os incidentes
de Ano Novo em Colônia subiram de 379 para 516 –, sendo que 40% delas são de
fundo sexual –, enquanto, em Hamburgo, onde houve casos similares na mesma
noite, elas já são 133, de acordo com a polícia. Colônia registrou uma série de
agressões contra estrangeiros na noite de domingo. Dois paquistaneses foram
hospitalizados e um sírio teve ferimentos leves.
Fonte: Via
Tribuna do Norte
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