Novo tratamento
contra câncer nos EUA dá esperança a pacientes terminais de leucemia.
Testes de um novo tratamento genético
contra o câncer, que teoricamente "treina" o sistema imunológico do
organismo a combater o tumor, apresentaram resultados extremamente animadores:
90% dos pacientes em estado terminal entraram em remissão após a terapia, de
acordo com cientistas nos Estados Unidos.
Os resultados
foram anunciados na segunda-feira (15), durante o encontro anual da Associação
Americana para o Progresso da Ciência, em Washington.
O novo tratamento consiste na modificação
genética de glóbulos brancos de pacientes com leucemia. As células modificadas
para combater o câncer depois são reimplantadas em seus organismos.
No entanto, os
dados dos testes ainda não foram publicados ou analisados de forma
independente. E acredita-se que dois pacientes tenham morrido em decorrência de
uma resposta imunológica extrema de seus organismos.
Para
especialistas, os resultados são animadores, mas por enquanto apenas um pequeno
passo em direção a uma cura para o câncer.
Cautela
O cientista à frente do novo tratamento,
Stanley Riddell, do Centro Fred Hutchinson de Pesquisas sobre o Câncer, em
Seattle, disse que todos os outros tratamentos disponíveis tinham fracassado
nos pacientes terminais e que eles tinham sobrevidas estimadas em dois a cinco
meses.
"Os preliminares (do estudo) são sem
precedentes", disse Riddell à BBC.
A nova proposta de
terapia envolveu a retirada de células do sistema imunológico de dezenas de
pacientes. Conhecidas como t-cells, elas têm a função normal de destruir tecido
infectado. Os cientistas modificaram geneticamente as células para que elas
passassem a atacar células "doentes".
"Os pacientes estavam realmente no fim da linha em
termos de opção de tratamento, mas uma simples dose dessa terapia pôs mais de
90% desses pacientes em remissão completa - não conseguíamos mais detectar
(neles) as células com leucemia", disse Ridell à BBC.
No entanto, sete pacientes desenvolveram
síndrome de liberação de citocinas - uma reposta exagerada do sistema
imunológico - e precisaram de terapia intensiva. Dois morreram.
Se essas taxas
podem ser aceitáveis para pacientes em estado terminal, os efeitos colaterais
da nova terapia - por exemplo, a síndrome de liberação de citocinas -
mostram-se bem mais fortes que o de tratamentos convencionais, como a
quimioterapia e radioterapia, que funcionam na maioria dos pacientes.
Especialistas
alertam também para a diferença entre doenças como a leucemia e tipos de câncer
com tumores "sólidos", como o de mama.
"Este tratamento mostrou resultados promissores no
tratamento desse tipo de câncer de sangue. Na maioria dos casos, o tratamento
convencional é bastante efetivo, então essa nova terapia seria para os casos
raros de pacientes em que o tratamento não funcionou", disse Alan Worlsey,
pesquisador do centro britânico Cancer Research UK.
"O grande desafio agora é descobrir como fazemos
esse tratamento funcionar para outros tipos de câncer".
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