Sindicalistas e deputados criticam extinção do Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
Sindicatos
de trabalhadores rurais e parlamentares criticaram, nesta terça-feira (24), a
extinção do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). Eles participaram de
audiência da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados que discutiu a
situação da agricultura familiar. A
pasta extinta foi fundida ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, e passou a ter as atividades unificadas no novo Ministério do
Desenvolvimento Social e Agrário.
Para
o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag), Alberto Ercílio Broch, a reforma ministerial é um recuo para a
agricultura familiar.
“Nós não podemos conceber a agricultura familiar relegada como se fosse uma política social, como se os grandes [proprietários] fizessem o desenvolvimento e nós uma política compensatória”, declarou, ao ressaltar que o setor responde pela produção de 70% dos alimentos consumidos no País.
Segundo
ele, a extinção do MDA põe em evidência o embate entre dois discursos: o da
agricultura empresarial e o dos produtores mais pobres. No entanto, ele
argumenta que para a eficiência do agronegócio não podem existir posições em
desvantagem.
A
diretora da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar,
Elisângela dos Santos Araújo, acredita que a reforma ministerial trouxe
incertezas sobre a liberação de recursos aos pequenos produtores. Em maio,
foram anunciados R$30 bilhões de crédito para o Plano Safra ciclo 2016/17. Para
ela, hoje não há mais previsão sobre futuros investimentos.
“Um governo que tem a coragem de fazer a extinção de um espaço como o MDA na política, não tem compromisso com o país”, enfatizou.
O
deputado Zé Silva (SD-MG) criticou a medida, argumentando que a agricultura
familiar não pode ser enquadrada na área social. Ele explicou que 55% dos
produtos de pequenos produtores têm impacto no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). "Isso mostra que não é tema para ser tratado na
área social”, disse.
Já
para o deputado Zé Carlos (PT-MA), o fim do MDA pode comprometer os avanços na
área. Para ele, a pasta foi bem sucedida ao estimular política de crédito
agrário em benefício a 136 mil famílias beneficiadas em dois mil municípios.
Os
deputados Patrus Ananias (PT-MG) e Pepe Vargas (PT- RS), ex-ministros do MDA,
também criticaram a extinção da pasta. “Um golpe a serviço dos ricos, contra os
movimentos sociais, contra agricultores familiares”, afirmou Ananias.
Fonte: Câmara Noticias
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