Dilma
critica PEC do Teto de Gastos e diz que meta de 2016 é 'libera geral'.
A
presidente afastada Dilma Rousseff afirmou em seu discurso no plenário do
Senado que a ameaça mais assustadora no seu processo de impeachment é a
possibilidade de congelar por "inacreditáveis 20 anos" todas as
despesas com saúde, educação, saneamento e habitação, em uma crítica indireta a
uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) defendida pelo governo Temer.
A
chamada PEC do Teto de Gastos propõe a fixação de um limite para as despesas
públicas, incluindo educação e saúde. Pela proposta elaborada pelo ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, os gastos públicos só poderão aumentar o
equivalente à inflação do ano anterior.
“É impedir que, por 20
anos, mais crianças e jovens tenham acesso às escolas; que, por 20 anos, as
pessoas possam ter melhor atendimento à saúde; que, por 20 anos, as famílias
possam sonhar com casa própria”, ressaltou a presidente afastada no plenário do
Senado.
Além
de criticar em seu discurso inicial a proposta que limita os gastos públicos,
Dilma usou parte do tempo que teve para responder aos senadores para atacar a
política econômica defendida pelo governo Temer.
A
PEC do Teto de Gastos também foi alvo de críticas do senador peemedebista
Roberto Requião (PR), que, apesar de integrar o partido do presidente em
exercício, tem se posicionado contrário ao impeachment de Dilma.
Ao
questionar a petista no julgamento, Requião disse que o governo interino de
Temer é o caminho de reversão de direitos.
“Congelar despesas da
União por 20 anos. Não vai poder nascer, não se pode mais estudar, não se pode
melhorar ensino e não se pode melhorar saúde”, ironizou.
Meta
superestimada
Além
de desferir ataques à PEC do Teto de Gastos, Dilma também criticou a previsão
de déficit apontada pelo governo Temer na revisão da meta de 2016. Em maio, 13
dias depois de o Senado decidir afastar a petista provisoriamente do comando do
Palácio do Planalto, o Congresso Nacional autorizou a gestão do peemedebista a
fechar o ano com um déficit (despesas maiores do que receitas) de
até R$ 170,5 bilhões nas contas públicas, que, se confirmado, será o pior
resultado da série histórica iniciada em 1997.
Na
avaliação da presidente afastada, essa meta permite que o governo federal
afrouxe os gastos, o que, na opinião dela, faz explodir a dívida do país e o
déficit nominal.
“Esse incentivo à meta
superestimada é péssimo para a recuperação da economia. Não contribui. Você tem
que fazer duas coisas diante da crise: tem que se esforçar para ter um
orçamento e uma meta fiscal compatível e ter que saber onde gastar. O liberou
geral leva a gastos absolutamente insustentáveis”, declarou.
Ao
responder questionamentos de que escondeu a crise econômica que vivia o país
durante a campanha presidencial de 2014, Dilma ponderou que o governo “não tem
bola de cristal” e que o panorama econômico se deteriorou ao final daquele ano,
depois das eleições, com a crise hídrica que elevou o preço da energia, além da
queda nos preços das commodities.
Por
duas vezes, Dilma citou o Nobel de economia Joseph Stiglitz. De acordo com a
petista, ele avaliou que a crise econômica no Brasil estava precificada, mas o
que não estava precificado era a crise política. Para ela, foi a crise
política, causada por seus opositores, que agravou o cenário econômico
brasileiro.
Fonte: G1
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