População
idosa vai triplicar entre 2010 e 2050, aponta publicação do IBGE.
Publicação
lançada nesta segunda-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) mostra que, em 40 anos, a população idosa vai triplicar no Brasil
e passará de 19,6 milhões (10% da população brasileira), em 2010, para 66,5
milhões de pessoas, em 2050 (29,3%).
As
estimativas são de que a "virada" no perfil da população acontecerá
em 2030, quando o número absoluto e o porcentual de brasileiros com 60 anos ou
mais de idade vão ultrapassar o de crianças de 0 a 14 anos. Daqui a 14 anos, os
idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças serão 39,2
milhões, ou 17,6%, segundo estimativas do IBGE.
Dividido
em nove capítulos, o livro "Brasil, uma visão geográfica e ambiental do
século XXI", traz, no capítulo 2, uma análise dos efeitos de fenômenos
como o aumento da expectativa de vida do brasileiro e a redução da taxa de
fecundidade (número de filhos por mulher) que, combinados, mudaram o perfil
etário da população.
O
aumento do número de idosos associado à redução das crianças implica em
mudanças profundas em políticas públicas de saúde, assistência social e
previdência, entre outras, destaca o capítulo escrito pelo demógrafo Celso
Simões. A mudança nas regras de concessão de aposentadoria tem sido um dos
principais pontos de discussão do governo do presidente em exercício Michel
Temer. A tese do governo é de que, se não for adiada a aposentadoria dos
trabalhadores brasileiros, o sistema previdenciário entrará em colapso e não
haverá recursos para honrar os benefícios no médio prazo.
O
principal argumento do governo é o aumento da expectativa de vida do
brasileiro, que passou de 62,5 anos em 1980 para 70,4 anos em 2000 e 75,2 anos
em 2014.
"Os dados sobre o
aumento da esperança de vida ao nascer e os impactos da forte redução da fecundidade
(...) apontam claramente para um processo de envelhecimento populacional no
País, o que vai exigir novas prioridades na área das políticas públicas. Como
exemplo dessas prioridades, destaca-se, dentro de um plano, a formação urgente
de recursos humanos para o atendimento geriátrico e gerontológico, além de
providências a serem adotadas com relação à previdência social, que deverá se
adequar a essa nova configuração demográfica, além de melhorias urgentes nas
redes de atendimento hospitalar, ajustando-as a esta nova configuração
populacional que tende a um crescimento cada vez mais intenso", diz o
texto.
"A não adequação da
estrutura de saúde e econômica a essa nova realidade, por certo, trará efeitos
negativos sobre a qualidade de vida da população brasileira que está
vivenciando o processo de transição, onde, em curto e médio prazos, os idosos
serão a grande maioria, com necessidades altamente diferenciadas em relação à
situação anterior", afirma o estudo.
A
redução do número de filhos por mulher se acentuou de forma rápida nos anos
1980. A taxa de fecundidade passou de 6,16 filhos por mulher em 1940 para 4,35
em 1980, 2,39 em 2000 e 1,7 em 2014.
"Trata-se de um
rápido e espetacular declínio, num espaço de tempo bastante reduzido (34 anos),
quando comparado à experiência vivenciada pelos países desenvolvidos, cujo
processo teve uma duração superior a um século para atingir patamares
similares", destaca a publicação do IBGE.
A
atual taxa de fecundidade está, desde 2010, abaixo do nível de reposição populacional,
de 2,1 filhos por mulher. Outros estudos do IBGE apontam que, se for mantido o
ritmo de queda, o País terá aumento de população até 2030, quando a tendência
será de estabilização e, por volta de 2040, o número absoluto de brasileiros
poderá diminuir. O número de crianças será cada vez menor e de idosos,
crescente.
Fonte: Estadão conteúdo
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