sábado, 27 de maio de 2017

Documentário traz sonhos e desafios dos jovens do ensino médio público.


Filmagens do documentário duraram dois anos sob a direção da Cacau Rhoden. Instituto Unibanco/Divulgação.


Estreia em 8 de junho o documentário Nunca me Sonharam, que apresenta um panorama do ensino médio nas escolas públicas do Brasil por meio de depoimentos de jovens estudantes, professores e especialistas em educação. Percorrendo as cinco regiões do país, o filme é capaz de aproximar o público dessa realidade de forma intensa, mostrando a grandeza dos sonhos de cada jovem, suas angústias em relação ao futuro e a complexidade de educar diante de tantas adversidades que é imposta aos professores.
A partir da iniciativa do Instituto Unibanco, que desenvolve um projeto de gestão em mais de 2,5 mil escolas públicas do Brasil, o filme foi construído durante dois anos e teve direção de Cacau Rhoden. “Sou grato pela oportunidade de mergulhar neste país e ouvir esses meninos que têm tanto para falar e nos ensinaram muito. Foi um trabalho muito coletivo de exercitar a escuta e colocar esse assunto na mesa de jantar, na mesa do bar, em outros âmbitos, transcendendo os muros da escola”, disse.
Do interior do Ceará, da cidade de Nova Olinda, veio a fala do estudante Felipe Lima que dá nome ao documentário. Ele conta que seus pais acreditavam que só filho de rico entrava na universidade. “Para eles, o máximo era terminar o ensino médio e arrumar um emprego. Trabalhador de roça, vendedor, alguma coisa desse tipo. Acho que nunca me sonharam sendo um psicólogo, nunca me sonharam sendo professor, nunca me sonharam sendo um médico, não me sonharam. Eles não sonhavam e nunca me ensinaram a sonhar. Estou aprendendo a sonhar”, disse no filme.
Em entrevista à Agência Brasil, Felipe disse que o documentário é um legado que pode servir de inspiração para vários jovens. No fim do ano passado, ele formou-se no ensino médio e hoje cursa Gestão de Recursos Humanos por meio de bolsa integral do Programa Universidade para Todos (Prouni), do governo federal. “Para mim, chegar até aqui já tem sido uma imensa vitória. O que eu penso, a partir de agora, é que o céu é o limite. Para quem sonha, não tem limites, você não para, você está em constante transformação, em constante busca pelo conhecimento”, declarou.

“Hoje os jovens talvez estejam meio ofuscados nessa turbulência toda, nessa escuridão que o país está vivendo, mas é necessário, é muito importante os jovens acreditarem nesse poder transformador da educação. A educação, por mais que esteja em um caos, não deve ser vista como um problema e sim como uma solução para todas as mazelas sociais”, acrescentou o jovem.


Direito à educação


Referindo-se diversas vezes ao valor da educação como um direito fundamental, o filme apresenta depoimentos como os do professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Gersem Baniwa. Para ele, a educação é uma ferramenta fundamental de libertação e o ensino médio é um rito de passagem (para os jovens).
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 82% das crianças e jovens até 19 anos que estão estudando são atendidos pela escola pública. No entanto, há ainda 1,6 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola. Para o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, o filme coloca de forma explícita o desafio das políticas públicas no Brasil de assumirem a responsabilidade de “sonhar seus jovens”.


“Sonhar seus jovens hoje implica ter uma visão sistêmica de estruturação de toda a agenda política em torno da garantia do direito de aprendizagem da juventude, recolocar o jovem como elemento central do desafio do ensino médio público e instituir procedimentos da esfera do governo federal e do estadual que cheguem até a sala de aula, que estejam o tempo todo, de forma recorrente, atentos à garantia do direito de os jovens ficarem na escola, não abandonarem, e aprenderem o necessário”, explicou Henriques.


Para ele, a motivação do filme é provocar um debate em torno dos caminhos possíveis, não de uma solução única, para construir modos de garantir a aprendizagem dos jovens na escola pública. “A criação do filme, a busca dos personagens, a identificação de situações-problema, de gargalos a serem resolvidos e dos personagens a serem entrevistados foram todos em cima de escolas [públicas] que são do Jovem de Futuro [projeto de gestão escolar do instituto]”, acrescentou.


Fonte: Agência Brasil

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