Perito
confirma 14 "cortes" em gravação de conversa entre Temer e dono da
JBS.
O
perito extrajudicial e judicial Marcelo Carneiro de Souza afirmou ontem ter
identificado "fragmentações" em 14 momentos na gravação, isto é,
pequenos cortes de edição no áudio da conversa entre o presidente Michel Temer
e o empresário Joesley Batista, dono da JBS.
O
especialista, que disse ter feito um exame preliminar, não encontrou cortes
entre o sexto e o 12º minutos, o intervalo de tempo em que se falou sobre o
deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB).
— Para se chegar a uma
conclusão definitiva, é necessário analisar o material onde a mídia foi
armazenada, nesse caso, o gravador. Verificar se esse material foi devidamente
acondicionado ou se, por exemplo, ficou largado em algum local que poderia
danificá-lo. Precisaria fazer uma transcrição fiel. E, para ter certeza da
identidade dos dois locutores, o ideal ainda seria fazer um exame de confronto
de voz.
Os
14 trechos em que o perito encontrou possíveis edições estão entre o 14º minuto
e o 34º minuto do áudio. "Na despedida dos dois, inclusive, há um corte
grotesco, que um amador poderia perceber", disse o perito, referindo-se ao
intervalo entre 31m52s e 31m53s. Ao todo, o áudio tem 38 minutos.
O
perito e professor da Unicamp Ricardo Molina, que disse não ter ouvido a
gravação inteira, não apontou indícios de que tenha ocorrido edição. Ele,
porém, criticou outros pontos, como a mudança no nome do arquivo original do
áudio.
Não
é saudável trocar o nome do arquivo justamente para saber de qual gravador
saiu.
Legalidade
O
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato
na Corte, apontou no despacho de abertura do inquérito que tem Temer entre os
investigados que não há ilegalidade nos áudios gravados por Joesley.
"Convém registrar,
ainda e por pertinência, que a Corte Suprema, no âmbito de Repercussão Geral,
deliberou que é lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por
um dos interlocutores sem conhecimento do outro. Desse modo, não há ilegalidade
na consideração das quatro gravações em áudio efetuadas pelo possível
colaborador Joesley Mendonça Batista", escreveu Fachin.
O
Ministério Público Federal produziu quatro laudos de "verificação de
gravação do arquivo de áudio". A análise é inicial e ainda devem ser
realizadas outras perícias após a instauração da investigação contra Temer.
Para
a analista Elaine Sobral e para o técnico Eder Gabriel, ambos do Ministério
Público da União, o diálogo contido no arquivo PR1 14032017.wav, que contêm a
gravação da conversa entre Temer e Joesley, "encontra-se audível,
apresentando sequência lógica". A PF afirmou que a gravação foi feita por
iniciativa de Joesley, sem orientação de agentes da corporação. As ações
controladas, que tiveram a participação de investigadores, ocorreram
posteriormente.
Fonte: R7, com Agência Estado
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