Acelerador
de partículas Fair começa a sair do papel.
Por Deutsche Welle, com informações do G1
Teve
início nesta quarta-feira (5) na cidade alemã de Darmstadt a construção do acelerador
de partículas Fair, um enorme projeto conjunto europeu que visa a descobrir
como a matéria se desenvolveu após o Big Bang, há 13,8 milhões de anos.
Entre
os presentes na cerimônia de lançamento em Darnstadt estavam pesquisadores de
Índia, Finlândia, França, Polônia, Romênia, Rússia, Eslovênia, Suécia, Reino
Unido e Alemanha.
A
preparação do terreno para a construção do enorme acelerador subterrâneo foi
iniciada anos atrás, no Centro Helmholtz para Pesquisa de Íons Pesados. As
instalações do Fair (sigla em inglês para Unidade de Pesquisa sobre Antiprótons
e Íons) deverão entrar em funcionamento em 2025.
O
Fair será uma extensão do acelerador de partículas SIS18 da Sociedade para
Pesquisa sobre Íons Pesados (GSI, na sigla em alemão) também em Darmstadt,
utilizado por pesquisadores no passado para o desenvolvimento de pesquisas
nucleares, médicas, de plasma e de materiais científicos.
O
acelerador SIS18 têm diâmetro de 218 metros, com a capacidade de acelerar íons
em até 90% da velocidade da luz, ou seja, 270 mil quilômetros por segundo.
O
Fair será capaz de adicionar impulso às partículas e conduzi-las aos limites da
velocidade da luz. O Fair, localizado 17 metros abaixo da superfície, tem
diâmetro de 1,1 mil metros. Ele será um entre oito novos aceleradores
interconectados de formato circular.
O
projeto complexo das novas instalações permitirá aos pesquisadores a realização
de uma ampla variedade de experiências com todos os tipos de elementos, desde
íons de hidrogênio até isótopos radioativos como o urânio. No futuro, será
possível ainda gerar antiprótons – partículas de antimatéria que possuem a
mesma carga dos prótons, mas negativas ao invés de positivas.
O
GSI inaugurou recentemente um novo centro de dados para armazenar a enorme
quantidade de informações que o novo acelerador de partículas deverá gerar.
Atualmente, o centro opera em apenas uma pequena fração de sua capacidade, mas
já está pronto para dar apoio os cientistas em suas pesquisas, o que
certamente, será necessário.
Pesquisas
Mais
de 3 mil cientistas de todo o mundo trabalharão no Fair. Eles desenvolverão
pesquisas experimentais em suas universidades e institutos para,
posteriormente, implementá-las no Fair.
Haverá
quatro departamentos: Física Atômica e de Plasma e Aplicação (Appa); Matéria
Bariônica Comprimida (CBM); Estrutura Nuclear, Astrofísica e Reações (Nustar) e
Aniquilação Antipróton (Panda).
A
versatilidade das instalações é uma grande vantagem para a pesquisa científica.
Todos os tipos de condições teóricas ou aquelas observadas em algum lugar do
espaço poderão ser recriadas em laboratório e em escala atômica.
O
detector Hades será utilizado para a criação de matéria extremamente densa,
como uma estrela de nêutrons. Isso poderá incluir plasmas muito quentes ou
frios, pressões extremamente altas e outras condições que existem apenas no
interior de estrelas ou planetas.
Esses
experimentos deverão ajudar os cientistas a compreender melhor como nosso
universo se desenvolveu após o Big Bang e evoluiu até chegar ao que conhecemos
hoje.
Além
das questões fundamentais da nossa existência, há também diversas outras
aplicações, como nas áreas da biologia ou da física. No Fair será possível
também investigar os efeitos dos raios cósmicos nas nossas células.
Os
cientistas poderão testar materiais ou componentes eletrônicos que poderão ser
utilizados em naves espaciais, como as que viajam próximo ao sol ou planetas de
gás gigantes. Espera-se que quanto mais tempo o acelerador estiver em
funcionamento, novas ideias surgirão.
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