Reforma
da Previdência será "a possível", diz Temer em entrevista.
Da Agência Brasil
O
presidente Michel Temer disse, em entrevista publicada hoje (5) pelo
jornal O Estado de S. Paulo, acreditar que a reforma da Previdência será
aprovada no Congresso até o final de outubro, mas admitiu que ela não será
“abrangente” como inicialmente previsto, parecendo-se mais com uma “atualização
previdenciária”.
“A gente faz agora a
reforma que é possível. E, sendo uma reforma possível, ela não será tão
abrangente como deveria sê-lo. Então, é possível que daqui a seis, sete, oito
anos, tenha que fazer uma nova atualização”, disse o presidente na entrevista,
que segundo o jornal durou cerca de 1 hora e foi realizada ontem (4), no
gabinete presidencial.
Temer
afirmou que a reforma não deve se restringir somente à aprovação de uma idade mínima
para a aposentadoria, mas levar a cabo também medidas para reduzir as
diferenças entre os sistemas de Previdência privados e públicos.
O
presidente deu as declarações pouco depois de ter obtido, na última terça-feira
(2), na Câmara dos Deputados, 263 votos para interromper a análise, pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), de uma denúncia por corrupção passiva
apresentada contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tendo
como base a delação dos donos da empresa JBS.
Apesar
de suficiente para suspender a possível abertura de ação penal contra o
presidente, o placar da votação ficou abaixo do previsto pela liderança do
governo no Congresso. O resultado também é menor do que os 308 votos
necessários para aprovar a reforma da Previdência.
“Muita gente que votou
contra mim vota a favor da Previdência. Nós podemos chegar a 310 votos”, disse
Temer. “Eu não acredito que eles votem contra o Brasil”, afirmou depois, numa
parte da entrevista que citava especificamente os 21 votos contrários a ele dados
por deputados do PSDB, uma das principais siglas da base aliada.
Temer
acrescentou que as reformas política e tributária também continuam a ser
tratadas como prioritárias pelo governo. Ele não descartou que o governo
analise a possibilidade de novos aumentos de impostos e também a alteração da
meta fiscal deste ano, diante da dificuldade do governo de fechar as contas.
Lava
Jato
Ao
ser questionado sobre a possibilidade de nova denúncia contra ele feita pelo
procurador-geral Rodrigo Janot, Temer afirmou que “se vier uma nova, vamos
enfrentá-la”, e voltou chamar a postura do chefe do Ministério Público Federal
de “institucionalmente condenável”.
Temer
disse esperar que, com a posse em setembro da nova procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, um “rumo correto” seja dado à Operação Lava Jato. “O
rumo certo é o cumprimento da lei. Rigorosamente o cumprimento da lei”,
afirmou.
Ao
ser perguntado sobre possíveis mudanças no comando da Polícia Federal, Temer
respondeu “Não sei. Este é um assunto que está sendo estudado pelo Ministério
da Justiça”.
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