Pesquisadora paraibana prevê 2016
caótico por causa do surto da zika.
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Médica paraibana tomou a iniciativa para confirmar relação entre o zika vírus e a microcefalia (Foto: Gustavo Xavier / G1) |
O ano de 2016 pode ser caótico no Brasil por causa da
proliferação do zika vírus . Essa é a previsão da médica paraibana Adriana
Melo, especialista em medicina fetal e responsável pela iniciativa que acabou
confirmando a associação entre o aumento no número de casos de microcefalia com
a zika, inédita na medicina no Brasil. Segundo ela, não combater o mosquito vai
acarretar problemas que vão além da malformação que vem afetando os fetos.
"De
acordo com as pesquisas e os prognósticos feitos por nós, entre fevereiro e
março do ano que vem todos os mosquitos Aedes aegypt poderão ter o vírus da
zika. Atualmente, nem todo mosquito porta o vírus, mas com o passar do tempo
vai ter a proliferação, caso não sejam tomadas medidas drásticas. Parece que a
população ainda não se deu conta da gravidade da situação", afirmou a
especialista.
Nesta sexta-feira (11) completa um mês que o governo federal declarou estado de
emergência por conta do
crescimento no número de casos de microcefalia no país. Desde então, o número
de notificações na Paraíba cresceu de nove casos no dia 12 de novembro para 316 notificações até segunda-feira
(5), sendo que em 40 deles a microcefalia foi
descartada. Em todo o país, já
são 1.761 casos em 13 estados e no Distrito Federal. Também são investigadas 19
mortes de crianças em oito estados. No último dia 4, a Paraíba também
decretou emergência por causa da quantidade de casos de malformação notificados.
Adriana Melo, que atua na
maternidade do Instituto Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, foi quem
tomou a iniciativa de coletar o líquido amniótico de duas gestantes e enviar para ser analisado no Rio de
Janeiro. A médica diz que começou a suspeitar da relação entre o vírus e a
microcefalia após conversas com profissionais de Pernambuco, estado com mais
notificações da malformação no Brasil.
As duas grávidas, naturais de
Juazeirinho, na região da Borborema da Paraíba, ainda foram levadas pela
médica, com o apoio da Prefeitura de Campina Grande, para a Fundação Instituto
de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (IDI) em São Paulo,
onde passaram por uma bateria de exames. A partir daí, houve a confirmação da
relação nos dois casos, fato inédito na medicina.
Apesar disto, a pesquisadora afirma que o zika vírus
está em mutação constante e que a confirmação não pode fazer com que as
pesquisas parem. "Há vários padrões de microcefalia e isso dificulta as
investigações. Mas continuo batendo na tecla que, antes de resolver as
consequências, devemos combater o mosquito".
Evolução
do vírus
Ainda de acordo com Adriana Melo, o zika vírus sempre
foi conhecido por ser algo mais brando e que muitas vezes não recebia a atenção
necessária. "Normalmente era apenas uma coceira e manchas vermelhas. Em
poucos dias era tratado e esquecido", lembra.
Ela ainda afirma que os pesquisadores já sabem de onde
veio essa evolução. Segundo Adriana, durante a Copa do Mundo de 2014 o vírus
chegou com mais força com os asiáticos que visitaram o país. "É por isso
que o Nordeste está sendo mais afetado. Equipes asiáticas jogaram em Pernambuco
e Rio Grande do Norte e isso atraiu turistas. Em todo o mundo tem asiáticos,
mas a proliferação só se deu aqui porque no Brasil tem muito mosquito. Nossa
região e as condições climáticas influem também", explica.
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