Sesap aguarda parecer para abrir
concursos públicos.
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) pretende
realizar um processo simplificado de seleção até março deste ano, e um concurso
público no segundo semestre de 2016, mas aguarda autorização do Tribunal de
Contas do Estado (TCE) em função da situação do Estado frente à Lei de
Responsabilidade Fiscal. O processo seletivo seria para suprir demandas mais
urgentes no quadro de pessoal. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o
subsecretário de Saúde Haroldo Melo do Vale, fala sobre os certames e de
algumas prioridades na gestão das políticas públicas para a rede estadual de
atendimento à população.
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Haroldo Melo, Sub-secretário da secretaria estadual de saúde pública |
Sobre o ano de 2015, Haroldo do Vale considera
que houve avanços em relação ao ano de 2014. As negociações e parcelamento das
dívidas com fornecedores, principalmente, diminuiu a recorrência de
desabastecimento da rede hospitalar, mas a crise econômico-financeira porque
passa o Estado permitiu que a Secretaria pagasse metade do passivo de 2014. No
início do ano, o secretário Ricardo Lagreca orçou a dívida geral da Secretaria
em aproximadamente R$ 124,7 milhões. Somente com fornecedores e
prestadores de serviço, o débito era de R$ 53,3 milhões, referentes aos
convênios do Estado com os municípios para a garantia de alguns serviços, entre
eles o da Farmácia Básica. O restante, R$ 71,4 milhões foi negociado. No
primeiro trimestre de 2015, a Sesap negociou também com os prestadores de
serviço e garantiu o pagamento parcelado das ações de custeio, para garantir a
continuidade dos serviços de funcionários.
Passados 12 meses, Haroldo Melo afirma que a
Secretaria conseguiu pagar aproximadamente R$ 60 milhões dessas dívidas, e que
não foi possível avançar mais devido à forte influência da queda de repasses
federais ao Estado. A estimativa é que o Rio Grande do Norte tenha recebido
aproximadamente R$ 500 milhões a menos do Governo Federal comparado com o
exercício anterior.
Há alguma perspectiva quanto à realização de concurso público em 2016?
Há alguma perspectiva quanto à realização de concurso público em 2016?
Estamos preparando uma seleção simplificada, e
nossa previsão é que ocorra até o mês de março deste ano. Estamos negociando
isso com o próprio Tribunal de Contas do RN, devido ao limite prudencial
[previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal] e a perspectiva de concurso
público para o segundo semestre de 2016. Não temos ainda datas específicas. Temos
um levantamento quanto às necessidades, mas não tenho esse número exato de
vagas. Até porque não sei se teremos autorização, nessa seleção simplificada,
de chamar todas as pessoas que precisamos. Seria algo mais emergencial para
cobrir determinados vazios na gestão
Prioritariamente, se houver a autorização do TCE, esse pessoal aprovado seria alocado em quais unidades?
Prioritariamente, se houver a autorização do TCE, esse pessoal aprovado seria alocado em quais unidades?
Temos carência de servidor em quase toda área.
Notadamente nos hospitais, com carência de médicos, enfermeiros e técnicos em
enfermagem. Os servidores estão se aposentando. Maioria dos servidores aqui
estão com ao menos 30 anos de serviço. Quem não se aposentou, está chegando a
data, ou optou por não se aposentar. A saída desses gera vagas para o concurso.
O que foi feito para reduzir a crise do desabastecimento no Walfredo Gurgel?
O que foi feito para reduzir a crise do desabastecimento no Walfredo Gurgel?
Hoje temos uma comissão que acompanha o
paciente e acelera o tempo da expectativa terapêutica, médica, de saída daquele
paciente do hospital; seja por ocasião de alta médica, ou transferência para
outra unidade de saúde para fazer determinada cirurgia. Esse acompanhamento tem
facilitado muito na rotatividade do leito. Por exemplo, temos uma equipe de
cirurgiões dentistas atuando nas UTIs e enfermarias, que tem diminuído em mais
de 30% os índices de infecção hospitalar. É muito importante porque se reduz o
nível de infecção, acelera o tempo de alta daquele paciente e ele não fica
ocupando um leito por mais tempo.
Um ano difícil, especialmente do ponto de vista financeiro e orçamentário. Como isso afetou as ações para a rede estadual de saúde?
Um ano difícil, especialmente do ponto de vista financeiro e orçamentário. Como isso afetou as ações para a rede estadual de saúde?
A Sesap conseguiu dar todas as respostas
possíveis. Não pudemos fazer investimentos, mas conseguimos manter a rede
funcionando, abastecida, sem aqueles problemas que em gestões anteriores, como
em 2014. Houve, claro, problemas decorrentes também da greve e outro com o
Hospital Memorial e a Secretaria Municipal de Saúde, mas que foi contornado. Um
ano difícil, obviamente, mas avaliamos como positivo para a saúde; ela saiu do
olho do furacão. Fazendo uma retrospectiva dos últimos anos sobre como era
noticiada na mídia, é algo bem diferente do ano de 2015. O Rio de Janeiro,
Distrito Federal e Pernambuco, por exemplo, com investimentos incalculáveis,
como é o caso do Ceará, e está fechando um hospital.
No início de 2015, o secretário Ricardo Lagreca disse que havia uma dívida de R$ 124,7 milhões [restos a pagar de 2014], e que a prioridade era negociar com fornecedores. Houve avanços quanto ao pagamento dessas negociações, especialmente com fornecedores?
No início de 2015, o secretário Ricardo Lagreca disse que havia uma dívida de R$ 124,7 milhões [restos a pagar de 2014], e que a prioridade era negociar com fornecedores. Houve avanços quanto ao pagamento dessas negociações, especialmente com fornecedores?
Este ano, pagamos aproximadamente R$ 60 milhões
referente a restos a pagar, já nos primeiros meses do ano. Se não tivéssemos
feito isso, naturalmente não teríamos recuperado a credibilidade e o
fornecimento não teria sido restabelecido. Os fornecedores estavam
desacreditados, mas com isso não quer dizer que o secretário Luiz Roberto
Fonseca tenha sido culpado disso porque ele sofria a ingerência do Planejamento
(Secretaria), que não repassava, e aquela situação era decorrente de um
histórico de vários anos. Ele pegou uma herança maldita, obviamente, e não
conseguiu resolver. Assumimos com um passivo enorme. Não sei se o valor
originário dos restos a pagar era realmente esse. As dificuldades do Governo do
Estado este ano foram muito grandes, e isso reflete em todos os setores.
E qual é o efeito dessa redução de repasses, seja de recursos próprios, ou do Governo Federal?
E qual é o efeito dessa redução de repasses, seja de recursos próprios, ou do Governo Federal?
Os repasses de recursos do Fundo Estadual
[Fonte 100] para a saúde, em 2015, foram maiores que no governo passado, no
último ano de Luiz Roberto como secretário de Saúde. O Planejamento repassou
mais dinheiro, porém não foi o que precisávamos. A gente ficava administrando,
uma conta de um mês, uma de outro. Mas mantendo minimamente em dia para que o
fornecimento não sofresse com atrasos além do permitido contratualmente.
Mas há queixas de falta de insumos neste final de ano. Por que?
Mas há queixas de falta de insumos neste final de ano. Por que?
No final do ano, isso é mais sintomático porque
os fornecedores estão habituados a ficar com muito medo dos “restos a pagar”.
Mas nesse caso, como é uma continuação de governo, o medo tende ser menor e
também pelo nosso histórico porque pagamos “restos a pagar” de outros governos.
Há uma pressão para receber dentro do mês de dezembro porque o orçamento fecha
e vai abrir no mês de fevereiro, e em janeiro é muito difícil pagar alguém.
Entendemos perfeitamente essa pressão.
Houve queda nos repasses da União ao Estado, na área da saúde?
Houve queda nos repasses da União ao Estado, na área da saúde?
Houve sim, uma redução muito grande desses
repasses, mas infelizmente não tenho esses valores porque são apurados pela
Secretaria de Planejamento. Não tenho certeza, mas acho que algo em torno de R$
500 milhões.
As despesas com folha de pessoal consomem quanto do orçamento da Sesap?
As despesas com folha de pessoal consomem quanto do orçamento da Sesap?
Representa entre 70% a 80% dos recursos
orçamentários da Secretaria, um valor bastante expressivo e com isso sobra
pouco para investimentos.
Há possibilidade de suspensão no fornecimento de insumos para os hospitais?
Há possibilidade de suspensão no fornecimento de insumos para os hospitais?
Não há ameaça de suspensão de nenhum insumo. Há
alguns pagamentos feitos através da fonte 160 [Recursos da Programação Especial
das Operações Oficiais de Crédito], e temos outros a serem definidos quanto aos
fornecedores de medicamentos, gêneros alimentícios e insumos para o Hemonorte.
Tudo isso deve ser pago até o dia 30 (de dezembro/2015).
A Secretaria vai conseguir encerrar o ano com tudo quitado, tratando-se das dívidas que restaram de 2014, inclusive?
A Secretaria vai conseguir encerrar o ano com tudo quitado, tratando-se das dívidas que restaram de 2014, inclusive?
Não, algumas coisas vão entrar em restos a
pagar para o próximo ano, mas os fornecedores já têm conhecimento disso porque
conversamos com eles. A situação, com eles [fornecedores] está mais ou menos
apaziguada. Há situações pontuais, como as cooperativas e Samu, que devemos
pagar até no máximo dia 31 (dezembro de 2015), e também devemos ter em breve
como vamos resolver a situação com o restante das dívidas com as cooperativas.
Fonte: Tribuna do Norte
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