MEC divulga dados da ANA 2014
O Ministério da Educação (MEC) e o
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram
os dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), realizada em 2014.
Participaram do exame alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas
públicas de todo o País. Eles foram avaliados em leitura, escrita e matemática.
De acordo com os critérios do MEC, 77,79% dos alunos
brasileiros têm proficiência considerada adequado em leitura, 65,54% em escrita
e 42,93% em matemática. Pela primeira vez o ministério declarou quais são os
níveis que considera adequados (veja abaixo explicação sobre os níveis de
proficiência). Quando divulga os resultados da Prova Brasil, o MEC não faz essa
distinção. A ANA faz parte das ações do Pacto Nacional Pela Alfabetização na
Idade Certa (Pnaic), lançado em 2013.
Os dados de 2013 não foram divulgados na íntegra –
apenas as médias de leitura e matemática por nível. O MEC afirma que a
aplicação de 2013 serviu de “teste do instrumento”. O ministério alega que, a
partir de agora, será possível um “acompanhamento regular”. No entanto, a prova
foi cancelada em 2015. Durante a coletiva de imprensa que anunciou os dados da
avaliação, o ministro Renato Janine Ribeiro disse que se a avaliação ocorresse
novamente agora, “não haveria tempo de fazer mudanças necessárias” e que a
frequência ideal é realizar a prova a cada dois anos. A resolução que instituiu
a ANA, porém, determina que ela seja realizada anualmente.
Assim como no caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Inep divulgou os dados da ANA
acompanhados de outros indicadores, como o de Nível Socioeconômico (INSE) e o
de Adequação da Formação Docente.
O presidente do Inep, José Francisco Soares, ressaltou
que o instituto optou pela divulgação por níveis porque, para a ANA, o
importante é o diagnóstico. “Independentemente da faixa em que o aluno se
encontra, ele deve ser atendido por uma proposta pedagógica adequada”, explicou.
“A lógica da ANA é dar para a escola e para as redes a oportunidade de
intervenção relevante para cada criança.”
Sobre os dados, Janine Ribeiro ressaltou que há
exemplos de sucesso em todas as unidades da federação.
Níveis
Níveis
As escalas da ANA são divididas em níveis
de proficiência, assim como ocorre na Prova Brasil e no Saeb. Em leitura e
matemática, são quatro níveis, sendo o nível 1 o mais baixo e o nível 4, o mais
alto. Em escrita são 5 níveis de desempenho. O MEC considera que o aluno está
proficiente quando atinge o nível 2 em leitura e o nível 3 em escrita e em
matemática.
Leitura
Os dados mostram que 22,21% dos alunos
estão no nível mais baixo de leitura. Isto significa que eles só são capazes de
ler palavras, mas não de compreender frases e textos. Em 2013, 24,13% estavam
nesse nível – os dados apresentam, portanto, uma pequena evolução.
No segundo nível, os alunos conseguem
localizar informações explícitas em textos curtos, bem como reconhecer a
finalidade deles, entre outras competências. Em 2014, 33,96% das crianças do 3º
ano estavam nessa faixa de aprendizagem, contra 33,1% do ano anterior.
No nível 3, em que o aluno já infere sentidos em
relações mais complexas (como a de causa e consequência), estão 32,63% das
crianças. Na primeira edição da prova, 32,85% estavam nesse ponto da escala.
O nível mais alto de proficiência, o quarto, em que o
aluno já domina relações de tempo em texto verbal e identifica os participantes
de um diálogo em uma entrevista ficcional, por exemplo, tem 11,2% das crianças
brasileiras. Houve evolução em relação a 2013, quando eram 9,92%.
Como em outras avaliações e dados educacionais, as
desigualdades entre as regiões brasileiras são grandes. No caso de leitura, por
exemplo, 44% dos estudantes se encontram no nível 1 no Amapá e no Maranhão. Em
Santa Catarina e em Minas Gerais essa taxa é de 9%. As Regiões Norte e Nordeste
têm as maiores concentrações de crianças no primeiro nível da proficiência em
leitura (35% e 36%, respectivamente) e as menores no nível 4, o mais alto (5% e
6%).
Escrita
A escala de proficiência de escrita tem
cinco níveis. O primeiro concentra os alunos que não conseguiram produzir um
texto, entregaram a prova em branco ou apenas com desenhos. Do total de
crianças do 3º ano de escolas públicas que fizeram a ANA, 11,64% estão no nível
1.
A faixa de proficiência subsequente
agrega os alunos que ainda trocam as letras das palavras e, portanto, não
produzem textos legíveis. O nível 2 concentra 15,03% dos alunos brasileiros.
Já o nível 3 tem 7,79% das crianças, cuja pontuação na
prova mostra que elas conseguem escrever palavras com sílabas canônicas
(consoante-vogal), mas com erros. A produção textual desses alunos é
considerada inadequada à proposta da avaliação.
O nível 4 é o que concentra a maioria dos alunos:
55,66%. É nele, segundo o MEC, que começa a aquisição do texto por parte do
aluno, já que conectam as partes do texto e conseguem dar continuidade a uma
narrativa – porém, ainda existem inadequações como erros de pontuação.
A taxa do nível mais alto, o 5, revela que apenas
9,88% das crianças já escrevem de acordo com o que se espera ao fim do ciclo de
alfabetização.
Assim como em leitura, na escrita as desigualdades
regionais se mostram presentes. A Região Nordeste tem um quarto dos alunos no nível
1 e a menor taxa, junto aos estados do Norte, para o nível 5: 4%. Por sua vez,
a Região Sul tem a menor concentração de alunos no primeiro nível (5%),
enquanto o Sudeste tem o melhor índice para o nível 5: 15% das crianças.
Matemática
No nível 1 da escala em matemática, as
crianças do fim do ciclo de alfabetização conseguem ler as horas em relógios
digitais e medidas em instrumentos (como termômetros e réguas ), por exemplo.
Segundo os dados da ANA, 24,29% das crianças estão nesse nível, contra 23,7% da
edição passada da prova.
No nível 2 estão 32,78% dos alunos (em 2013, eram
34,16%). Nessa faixa de proficiência, as crianças conseguem fazer as operações
de adição (com até 3 algarismos) ou subtração (com até 2 algarismos), mas sem
reagrupamento. Elas também reconhecem figuras geométricas planas por seus
nomes, entre outras competências.
O nível subsequente é o dos alunos que já são capazes
de completar sequências numéricas decrescentes (de números não consecutivos) e
identificar frequências iguais em gráfico de colunas. Nele, estão 17,78% das
crianças que fizeram a ANA. Em 2013, eram 18,23%.
No ponto mais alto da escala estão 25,15% dos alunos
(23,91% na edição anterior da prova). No nível 4, os alunos identificam
categorias associadas a frequências específicas em gráficos de barra e também
calculam operações de adição de duas parcelas de até 03 algarismos (com mais de
um reagrupamento – na unidade e na dezena).
Entre as regiões, novamente o Nordeste tem os piores
resultados, concentrando 39% das crianças no nível 1. O Norte apresenta a menor
no melhor nível, o 4, com 12%.
Já o Sudeste tem a menor taxa no nível 1 (14%) e a
maior no 4 (36%) do Brasil.
Calendário
No mês de outubro – mas sem data definida
–, o Inep promete divulgar os relatórios pedagógico e estatístico da ANA e
também os micros dados da avaliação.
Fonte: Todos pela Educação
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