Aline Ferreira e sua filha fazem parte do programa em Natal
Dos eliminados da lista do programa social, 219 mil pessoas,
de 70 mil famílias, cairiam de volta nos braços da extrema pobreza no Rio
Grande do Norte. Isso resultaria no crescimento de 19% de famílias
extremamente pobres no Estado. A justificativa para o corte, segundo a proposta
do deputado, é a necessidade de ajuste fiscal do Governo e as fraudes no
programa. “Eu não tenho nenhum problema em cortar o Bolsa Família, porque eu
sei que tem fraude", afirmou o deputado, relator do Orçamento Geral de 2016,
em conteúdo produzido pela Agência Estado mês passado. A presidente Dilma
Rousseff também se posicionou contra a decisão do parlamentar.
O MDS rebate as acusações de Ricardo Barros e afirma que o
percentual de inconformidades no programa é muito pequeno. Na comunidade do
Maruim, no bairro das Rocas, em Natal, a tratadora de camarão Aline Ferreira da
Silva, de 21 anos, recebeu a notícia com resignação. “Sem esse dinheiro ia
ficar mais difícil, né. Eu compro comida, remédio”, disse.
Além dos R$ 147 que recebe do Bolsa Família, a jovem ganha R$
150 mensais na produção de filé de camarão. Com seus dois filhos de cinco e um
ano de idade, ela mora com mais três famílias numa mesma casa. Por sorte, Aline
tem a ajuda dos pais das crianças para as despesas dos filhos. A única boa
perspectiva na vida de Aline é ganhar um lar no residencial Maruim no próximo
ano.
Com estrutura familiar semelhante, a dona de casa Francisca
Rufino da Silva, de 27 anos, não tem a mesma esperança. Hoje ela foi tentar
desbloquear seu cartão do Bolsa Família. Junto com dois filhos, a dona de casa
mora numa casa de cômodo único e um banheiro no conjunto Parque das Dunas.
Metade de tudo que ganha em um mês vai para o pagamento do aluguel. A renda de
Francisca é composta de R$ 146 do Bolsa Família e mais R$ 150 como babá. “O
dinheiro é pra alimentação, para comprar as coisas do colégio dos meninos. Ia
ser difícil deixar de receber, porque já é uma boa ajuda”, considera.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, 95.861
crianças e adolescentes entrariam para a condição de extrema pobreza.
Atualmente o Rio Grande do Norte tem 1.197.415 beneficiários de todas as
idades. No Brasil, as famílias extremamente pobres são aquelas em que a renda
por pessoa em uma família não passa de R$ 77. Mas o Bolsa Família concede
benefício para famílias com até R$ 174 de renda per capita. Segundo o órgão
federal, esses números são correspondentes aos estabelecidos pela Organização
das Nações Unidas (ONU). Em todo o País, 47 milhões de pessoas são atendidas e
pouco mais de 23 milhões deveriam sair do programa de transferência de renda.
Os benefícios do programa podem variar de R$ 35 a R$ 306 a depender da
composição familiar.
Fonte: Tribuna do Norte
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