H1N1 em circulação não tem mutação perigosa, revela sequenciamento.
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Imagem de microscopia eletrônica de transmissão colorida digitalmente mostra agrupamento de partículas de H1N1 (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID)) |
O
vírus H1N1 que circula hoje no Brasil não tem certas mutações perigosas
associadas a casos mais graves da doença, segundo pesquisadores do Instituto
Evandro Chagas (IEC), no Pará. Para chegar a essa conclusão, eles fizeram o
sequenciamento parcial do genoma do vírus a partir de amostras de pacientes
infectados coletadas nos primeiros meses do ano em diferentes estados do país.
Segundo a
pesquisadora do IEC Mirleide Cordeiro dos Santos, o estudo partiu de uma
preocupação: no ano passado, mutações foram identificadas no H1N1 que circulou
na Índia e levou a uma grande epidemia no país. Essas mutações, encontradas no
gene que codifica a hemaglutinina, proteína que tem como função ligar o vírus à
célula hospedeira, levaram a uma maior patogenicidade do vírus. Isso significa
que ele tinha uma capacidade maior de provocar sintomas a partir da entrada no
organismo do paciente.
Os cientistas do IEC resolveram sequenciar parte do
genoma do H1N1 para verificar se o vírus em circulação no Brasil tinha essas
mesmas mutações. O resultado foi que elas não estão presentes. “Em relação a
esse gene, o vírus não é mais patogênico do que o que circulou em 2009 ou 2013
(anos que tiveram epidemias de H1N1 no Brasil)”, diz Mirleide.
A descoberta assegura que a cepa
do vírus em circulação é a mesma da vacina contra influenza disponível hoje.
Mirleide observa que, como o H1N1 é um vírus que tem RNA como material
genético, ele apresenta uma grande variabilidade genética, e pode sofrer
mutações de uma estação para outra. Saber que o vírus atual não sofreu essas
mutações nocivas identificadas na Índia, portanto, é uma boa notícia.
Vírus já provocou 71 mortes
O número inesperado de casos e de
mortes por H1N1 este ano –
foram 444 casos de síndrome respiratória aguda por influenza H1N1 e 71 mortes
até 26 de março, segundo o Ministério da Saúde – provavelmente se deve ao
adiantamento da chegada do vírus ao país, antes do início da vacinação, segundo
Mirleide.
“Como
a população ainda não estava vacinada e o vírus não circulava com intensidade
grande desde 2013, havia uma população muito suscetível”, diz a pesquisadora.
Agora, ela e sua equipe buscam fazer o sequenciamento completo do vírus, o que
pode revelar, por exemplo, de onde exatamente veio a cepa que atingiu o país.
Especialistas discutem várias hipóteses que podem
explicar a antecipação da chegada do vírus, que vão desde fatores climáticos
até o aumento de viagens internacionais que podem ter trazido o H1N1 que
circulava no hemisfério norte.
Fonte: G1
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