Temer
avalia testar regime de parlamentarismo em seu governo.
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Michel Temer quer apostar no parlamentarismo já em 2018. Clauber Cleber Caetano/PR |
O presidente Michel
Temer está disposto a fazer um teste parlamentarista em seu governo, no último
ano do mandato. Temer quer incentivar campanha em favor de uma PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) para adotar o parlamentarismo no País, a partir de 2019,
contendo uma "cláusula de transição" que permita instalar o novo
sistema no fim do ano que vem.
A ideia de nomear um
primeiro-ministro no segundo semestre de 2018, caso o Congresso aprove uma PEC
mudando o regime de governo, tem sido discutida nos bastidores do Palácio do
Planalto. Ancorada pela crise política, diante de um cenário marcado pelo
desgaste dos grandes partidos e de seus pré-candidatos nas próximas eleições, a
estratégia é bem aceita por dirigentes do PMDB, mas encontra resistências no
PSDB.
"O parlamentarismo
está no nosso programa e, neste momento de crise, nada mais oportuno do que
discutir o assunto, mas não achamos que isso seja solução para 2018, quando
teremos eleições", disse o presidente interino do PSDB, senador Tasso
Jereissati (CE). "Queremos preparar o caminho para 2022", completou.
Autor da PEC que
institui o sistema parlamentar de governo, o ministro das Relações Exteriores,
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), não vê problema na adoção do novo regime no fim
do mandato de Temer, se o modelo passar pelo Congresso, para assegurar uma
transição pacífica.
"Eu sou favorável
à implantação do parlamentarismo o quanto antes", afirmou o chanceler.
— Nesse
presidencialismo com 30 partidos, o País é absolutamente ingovernável. A lei
eleitoral premia a fragmentação e, se não forem aprovados a cláusula de
barreira e o fim das coligações proporcionais, quem for eleito em 2018, seja quem
for, pegará uma situação muito complicada.
O ministro das Relações
Exteriores apresentou a proposta que prevê o parlamentarismo no ano passado,
quando ainda exercia o mandato de senador. Para ele, o colega José Serra
(PSDB-SP) é a "pessoa talhada" para liderar a discussão no Congresso
e ser o relator da PEC. Serra, no entanto, também prega a adoção desse sistema
somente a partir da disputa de 2022.
Gabinete
Pelo projeto de
Aloysio, o presidente seria eleito por voto direto e teria a função de chefe de
Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas. Seu mandato seria de quatro
anos e caberia a ele nomear o primeiro-ministro, com quem ficaria a chefia do
governo.
A Câmara dos Deputados
poderia ser dissolvida pelo presidente, "ouvido o Conselho da
República", e o Congresso teria o poder de aprovar "moção de
censura" ao governo — equivalente à demissão do gabinete —, medida que só
produziria efeito com a posse do novo primeiro-ministro.
Nos últimos dias, com o
avanço das movimentações políticas em torno do tema, até mesmo aliados de Temer
ficaram curiosos para saber quem seria o seu primeiro-ministro. Apesar da Lava
Jato estar no encalço do presidente e de seu núcleo duro, a maior aposta neste
sentido recai sobre o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, alvo de inquéritos
no STF (Supremo Tribunal Federal).
Questionado sobre a
viabilidade de instituir o parlamentarismo no Brasil — já rejeitado em
plebiscito, em 1993 —, Temer disse que "não seria despropositado"
pensar nesse regime para 2018. Dias depois, informado por auxiliares de que a
ideia sofria críticas até mesmo em sua base de apoio no Congresso, o presidente
foi mais cauteloso. "Se pudesse ser em 2018, seria ótimo, mas quem sabe se
prepara para 2022", ponderou ele.
Temer admitiu que o
Planalto quer levar adiante uma "reformulação político-eleitoral".
Argumentou, no entanto, que tudo está sendo feito "de comum acordo"
com o Congresso e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No dia 6, por exemplo,
Temer jantou com o presidente do TSE e ministro do Supremo Gilmar Mendes, no
Palácio do Jaburu, para tratar do assunto.
"Como o presidente
convive muito bem com o Congresso, acredito que haverá uma sinergia",
afirmou Gilmar.
— Uma crise geralmente
contamina a chefia de Estado e de governo. Talvez possamos separar as funções e
ajustar o modelo da própria governabilidade.
Pelo cronograma
traçado, outra proposta sobre mudança no sistema, avalizada pelo Planalto, será
apresentada para debate ainda neste mês. É aí que, dependendo das conversas, se
pretende encaixar a "cláusula de transição".
Apesar das
articulações, políticos de vários partidos acham difícil emplacar o
parlamentarismo agora. Para ser aprovada, uma PEC precisa de 308 votos na
Câmara e 49 no Senado. São duas votações.
Fonte: R7, com informações da Agência Estado e
Estadão Conteúdo
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