Pobreza
extrema sobe 11% no Brasil e atinge 7% da população.
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Piora da pobreza extrema acontece apesar do fim oficial da recessão (Cristiano Mariz/VEJA.com) |
Por João Pedro Caleiro, da Exame
O número de brasileiros
em situação de pobreza extrema subiu 11,2% entre 2016
e 2017, passando de 13,34 milhões para 14,83 milhões.
Com isso, a porcentagem
de pessoas nesta condição no país pulou de 6,5% para 7,2% de um ano para o
outro.
Os dados são de um
estudo da LCA Consultores com base nos microdados da Pnad Contínua
divulgados nesta quarta-feira (11) pelo IBGE.
É considerado em extrema
pobreza aquele com renda domiciliar per capita de US$ 1,90 por dia ou 136 reais
por mês.
A piora da pobreza
extrema aconteceu apesar do fim oficial da recessão econômica, com crescimento
de 1% no balanço de 2017 após quedas consecutivas de 3,5% em 2015 e em 2016.
“Estamos falando de
pessoas que em geral não são alcançadas pelo emprego formal, nas quais o
mercado não consegue chegar”, diz Cosmo Donato, economista da LCA.
“Se mesmo quando a
economia crescendo muito não conseguia chegar, não é agora com retomada
incipiente que conseguiria”.
O desemprego teve uma
ligeira queda ao longo do ano, mas puxada quase que integralmente pela
informalidade e pelo emprego em conta própria.
Cosmo também vê nos
dados de pobreza extrema um possível efeito da crise fiscal e da queda de dois
dígitos do investimento público em 2017.
Segundo ele, o
investimento em rubricas como obras públicas muitas vezes tinha efeitos
multiplicadores no interior do país, mesmo quando seu custo-benefício era
duvidoso.
Regiões e estados
A alta da pobreza
aconteceu em todas as regiões brasileiras, indo de 2% na região Norte (1,95
milhão para 1,99 milhão de pessoas) a 24% na região Centro-Oeste (4,4 milhões
para 5,5 milhões). Mas é preciso tomar cuidado com as altas relativas.
O Nordeste, por exemplo,
teve uma alta de 10,8% na pobreza extrema, um pouco abaixo da média nacional,
mas concentra mais da metade das pessoas nestas condições.
Em estados com
histórico de baixas taxas de pobreza, altas absolutas menores no número de
indivíduos muito pobres geraram saltos chocantes: foi o caso de Paraná
(37%), Distrito Federal (61%) e Mato Grosso do Sul (70%). Houve queda do número
de pessoas em pobreza extrema em Rondônia (-18,7%), Tocantins (-14%), Santa
Catarina (-9,7%), Amapá (-1,6%), Ceará (-1,5%), Mato Grosso (-1,3%) e
Paraíba (-1%) de 2016 para 2017.
Critérios
O números de câmbio
real são de 2011 com correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC), que mede a inflação para as famílias de renda mais baixa.
A referência de renda
que define pobreza é do Banco Mundial e usa dólar em paridade de poder de
compra, uma medida que equaliza o valor de bens e serviços nos diferentes
países.
Foram consideradas
todas as fontes efetivas de renda: trabalho, previdência ou pensão, programas
sociais, etc.
Link: https://exame.abril.com.br/economia/pobreza-extrema-sobe-11-no-brasil-e-atinge-7-da-populacao/
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