Lula
e Dilma tinham US$ 150 milhões em conta de propina da JBS, diz delação de
Joesley.
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Pagamentos teriam sido feitos em contas no exterior. Antonio Cruz/30.10.2013/Agência Brasil |
O
primeiro termo de colaboração do empresário Joesley Batista, do Grupo JBS,
descreve o fluxo de duas 'contas-correntes' de propina no exterior, cujos
beneficiários seriam os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff. O empresário informou à PGR (Procuradoria-Geral da República) que o
saldo das duas contas bateu em US$ 150 milhões em 2014.
O
executivo disse que o ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma, Guido
Mantega, era quem operava as contas. Segundo o delator, uma quantia foi destinada
a conta a Lula em 2009 e, no ano seguinte, outra para Dilma.
Joesley
revelou que em dezembro de 2009, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) adquiriu de debêntures da JBS, convertidas em ações, no
valor de US$ 2 bilhões, "para apoio do plano de expansão" naquele
ano.
"O depoente
escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito de US$
50 milhões e abriu conta no exterior, em nome de offshore que controlava, na
qual depositou o valor", relatou Joesley.
Segundo
o empresário, em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista pediu a ele
"que abrisse uma nova conta, que se destinaria a Dilma".
"O depoente
perguntou se a conta já existente não seria suficiente para os depósitos dos
valores a serem provisionados, ao que Guido respondeu que esta era de Lula,
fato que só então passou a ser do conhecimento do depoente", contou o
empresário. "O depoente indagou se Lula e Dilma sabiam do esquema, e Guido
confirmou que sim."
Joesley
declarou que foi feito um financiamento de R$ 2 bilhões, em maio de 2011, para
a construção da planta de celulose da Eldorado. O delator disse que Mantega
"interveio junto a Luciano Coutinho (então presidente do BNDES) para que o
negócio saísse".
"A operação foi
realizada após cumpridas as exigências legais", afirmou Joesley.
"Sempre percebeu que os pagamentos de propina não se destinavam a garantir
a realização de operações ilegais, mas sim de evitar que se criassem
dificuldades injustificadas para a realização de operações legais."
O
empresário declarou que depositou, "a pedido de Mantega", por conta
desse negócio, crédito de US$ 30 milhões em nova conta no exterior.
"O depoente, nesse
momento, já sabia que esse valor se destinava a Dilma; que os saldos das contas
vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do
esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros e
Funcef; que esses saldos somavam, em 2014, cerca de US$ 150 milhões."
Segundo
Joesley, a partir de julho de 2014, Mantega "passou a chamar o depoente
quase semanalmente ao Ministério da Fazenda, em Brasília, ou na sede do Banco
do Brasil em São Paulo, para reuniões a que só estavam presentes os dois, nas
quais lhe apresentou múltiplas listas de políticos e partidos políticos que
deveriam receber doações de campanha a partir dos saldos das contas".
Neste
trecho de seu depoimento, Joesley cita o partido do Governo Michel Temer. O
empresário destacou que o executivo Ricardo Saud, diretor de Relações
Institucionais da J? que a interlocução com políticos e partidos políticos para
organizar a distribuição de dinheiro coube a Ricardo Saud, Diretor de Relações
Institucionais da J? que o ex-presidente olhou nos olhos do depoente, mas nada
disse", contou.
Em
outra ocasião, em novembro de 2014, Joesley disse que "depois de receber
solicitações insistentes para o pagamento de R$ 30 milhões para Fernando
Pimentel, governador eleito de Minas Gerais, veiculadas por Edinho Silva
(tesoureiro da campanha de Dilma em 2014), e de receber de Guido Mantega a
informação de que 'isso é com ela', solicitou audiência com Dilma".
"Dilma recebeu o
depoente no Palácio do Planalto; que o depoente relatou, então, que o
governador eleito de MG, Fernando Pimentel estava solicitando, por intermédio
de Edinho Silva, R$ 30 milhões, mas que, atendida essa solicitação, o saldo das
duas contas se esgotaria; que Dilma confirmou a necessidade e pediu que o
depoente procurasse Pimentel", narrou aos investigadores.
Joesley
afirma que, no mesmo dia, encontrou-se com Pimentel no Aeroporto da Pampulha,
em Belo Horizonte, e disse ao petista "que havia conversado com Dilma e
que ela havia indicado que os US$ 30 milhões deveriam ser pagos".
"Pimentel orientou o
depoente a fazer o pagamento por meio da compra de participação de 3% na
empresa que detém a concessão do Estádio Mineirão; que afora essas duas
ocasiões, Edinho Silva, então tesoureiro da campanha do PT, encontrava-se, no
período da campanha de 2014, semanalmente com Ricardo Saud e apresentava as
demandas de distribuição de dinheiro; que Ricardo Saud submetia essas demandas
ao depoente, que, depois de verificá-las com Guido Mantega, autorizava o que
efetivamente estivesse ajustado com o então ministro da Fazenda."
Defesa
Em
nota, os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira que defendem
Lula, afirmam: "Verifica-se nos próprios trechos vazados à imprensa que as
afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não decorrem de qualquer
contato com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros, que sequer
foram comprovados.
A
verdade é que a vida de Lula e de seus familiares foi — ilegalmente — devassada
pela Operação Lava Jato. Todos os sigilos — bancário, fiscal e contábil — foram
levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente.
Sua inocência também foi confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de
testemunhas já ouvidas — com o compromisso de dizer a verdade - que jamais
confirmaram qualquer acusação contra o ex-Presidente.
A
referência ao nome de Lula nesse cenário confirma denúncia já feita pela
imprensa de que delações premidas somente são aceitas pelo Ministério Público
se fizerem referência — ainda que frivolamente — ao nome do
ex-Presidente."
Fonte: Estadão Conteúdo
Por R7
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