Liderança
de Lula em pesquisa desanima e derruba bolsa de valores.
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LEVANTAMENTO CNT QUE LULA, SE NÃO ESTIVER PRESO OU INELEGÍVEL, LIDERA AS INTENÇÕES DE VOTOS. (FOTO: LULA MARQUES) |
A liderança do
ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) no cenário eleitoral de 2018, apontada
por pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira, 19, levou a Bolsa à mínima do
dia. A tendência negativa veio após uma abertura de pregão em alta, estimulada
pelo bom desempenho de mercados internacionais, com o Ibovespa acima dos 76 mil
pontos. Às 12h52, o índice com as ações mais líquidas da Bolsa registrava queda
de 0,79%, aos 75.387,85 pontos.
Segundo o levantamento,
Lula teria hoje 20,2% das intenções espontâneas de voto para presidente,
ante 16,6% no levantamento CNT/MDA divulgado em fevereiro deste ano. No
cenário de consulta estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados
aos entrevistados, Lula também lidera nos três cenários da pesquisa com três
diferentes candidatos do PSDB.
Ainda sob impacto da
pesquisa, o dólar à vista passou a subir levemente e as taxas futuras de juros
reduziram a baixa, renovando máximas. À exceção do Ibovespa, esses efeitos
perderam força, no entanto, por conta de ponderações de agentes de mercado de
que ainda é cedo para fazer apostas em relação ao quadro eleitoral e que o
petista perdeu capital político. Ainda assim, o fato de, na visão desses
agentes, a liderança de Lula ameaçar a manutenção das políticas econômicas do
atual governo sustenta cautela.
Cabe destacar que,
pouco antes do levantamento CNT/MDA, uma avaliação do Instituto de Finança
Internacional (IIF, na sigla em inglês) havia apontado que a combinação de
economia mais forte com finanças públicas debilitadas, que favorece políticas
prudentes, reduziria as chances de candidatos populistas na eleição de 2018. A
CNT/MDA mostrou ainda que a avaliação negativa do governo Temer aumentou nos
últimos sete meses e foi para 75,6%, enquanto a positiva diminuiu para 3,4%.
"O mercado está
tentando realizar (lucros) há algum tempo. E essa pesquisa acabou sendo um
'driver' para isso, ao apresentar Lula na frente das intenções de voto",
afirmou Alexandre Póvoa, sócio e presidente da Canepa Asset Management.
Assim como Póvoa, o
sócio e economista-chefe da ModalMais, Álvaro Bandeira, entende que a
desvalorização desta terça-feira - após o Ibovespa marcar recorde intraday
ontem aos 76.403,57 pontos - é uma realização normal. Mesmo na mínima do dia -
quando, às 12h33, marcou queda de 0,83%, aos 75.356,51 pontos -, o indicador
ainda acumulava uma apreciação de quase 6,5% somente no mês de setembro.
O operador de outra
gestora de fundos de investimento e o sócio da ModalMais pontuaram que, à
exceção da pesquisa CNT/MDA, o noticiário desta terça-feira foi fraco de novos
vetores. "Não houve grandes novidades no cenário econômico. O discurso do
Temer [na abertura da Assembleia Geral da ONU] não teve nada novo, nem o pronunciamento
do Ilan [Goldfajn, presidente do Banco Central, cujos apontamentos foram
publicados pela instituição]", disse Bandeira, da ModalMais.
Profissionais de duas
corretoras de valores mobiliários de São Paulo pontuaram que o resultado da
pesquisa CNT/MDA é uma "desculpa" para a realização de lucros.
"Ou seja, a Bolsa até pode voltar a subir hoje", disse um deles. Os
dois concordam que é impossível prever agora se o petista sairá candidato ou
não, visto que ele pode vir a ser condenado em segunda instância na Justiça
Federal.
Todas as ações mais
líquidas registravam queda no início da tarde desta terça-feira, principalmente
a Vale. Às 13h07, os papéis ON da mineradora caíam 1,43%, a R$ 33,76, e os PNA
perdiam 1,17%, a R$ 31,15. Além da Vale, as siderúrgicas também são penalizadas
hoje pela queda de 4,06% do preço do minério de ferro no mercado à vista chinês
(porto de Qingdao).
As ações de grandes
bancos eram pressionadas negativamente pelo movimento de realização de lucros
no Ibovespa. Os papéis da Petrobrás também perdiam valor, em linha com o
comportamento do petróleo. A commoditiy firmou-se em queda desde o fim da
manhã. (AE)
Fonte: Diário do Poder
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