Candidatura
Temer enfrenta resistência no próprio MDB.
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Jucá diz que estão discutindo qual nome mais viável. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 05.02.2018 |
A possível candidatura
do presidente Michel Temer a um segundo mandato enfrenta resistências não
apenas em partidos da base aliada do governo, mas no próprio MDB.
Defendida nos
bastidores por ministros que ocupam gabinetes no Palácio do Planalto, a
estratégia para lançar Temer ganhou os holofotes depois que o governo anunciou
a intervenção na segurança pública do Rio.
Em reunião da Executiva
Nacional do MDB nesta quarta-feira (21) o ministro da Secretaria de Governo,
Carlos Marun, fez uma defesa enfática da candidatura de Temer. A portas
fechadas, Marun declarou que o presidente tem "todas as chances" de
ganhar.
— Eu disse que
precisamos nos preparar para isso.
O ministro disse ter
conversado sobre o assunto com Temer, na segunda-feira.
— A posição dele, hoje,
é a de não disputar. Agora, quando os adversários se preocupam com isso,
significa que estamos no caminho certo.
Reconduzido à
presidência do MDB por mais um ano, o líder do governo no Senado, Romero Jucá
(RR), ouviu a defesa feita por Marun, mas não seguiu na mesma toada. Disse que
o partido trabalha para ter candidato próprio à Presidência, mas citou outros
nomes além de Temer, incluindo o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Sem espaço no PSD, Meirelles negocia filiação ao MDB.
— Nós estamos
discutindo qual é o nome mais viável, mais factível, que possa ganhar as
eleições".
Em conversas
reservadas, porém, dirigentes do MDB sustentam que Temer somente será candidato
se, em abril, chegar a dois dígitos de aprovação. Dono de altos índices de
impopularidade, o presidente aposta em uma agenda mais social para melhorar sua
imagem.
Porta-voz
Preocupado com interpretações
dando conta de que a decisão de pôr as Forças Armadas nas ruas do Rio foi
"eleitoreira", Temer escalou o porta-voz Alexandre Parola para
rebater rumores sobre eventual candidatura. Antes, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) havia dito que Temer usou a intervenção para se cacifar na
disputa. Na mensagem, Parola afirmou que o governo não está atrás de
"aplauso fácil".
Para o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a possível campanha de Temer é
"problema" do MDB e do Planalto.
— Isso é problema de
lá. Eu não reclamei que eles estão querendo cuidar dos projetos de cá? Deixa
eles cuidarem de lá e a gente cuida de cá.
No diagnóstico do DEM,
um cenário assim forçaria Maia e o governador Geraldo Alckmin, postulante do
PSDB, a se unir em torno de uma candidatura única de centro, na tentativa de
impedir um segundo turno entre o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e um nome da
esquerda.
Integrante da ala
oposicionista do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) disse que a entrada de
Temer na disputa seria "inconveniente" para o MDB.
— Eu vejo o senador
Renan Calheiros com Lula. Vejo o presidente do Senado (Eunício Oliveira) com
Lula e o (senador) Jader Barbalho também. Como é que eles vão juntar esses
cacos?
Vice-líder do governo
na Câmara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) avaliou que, se Temer concorrer,
inviabilizará não só Meirelles — que já perdeu a bandeira da reforma da
Previdência —, mas também Maia. "Michel é candidatíssimo", disse Mansur.
Para Meirelles, porém,
é "prematuro" afirmar o que a base aliada fará na corrida
presidencial.
— Vamos ver como tudo
isso se desenvolve. Peru não morre de véspera.
Fonte: Agência Estado, via R7
Link: http://r7.com/QypA
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