População
síria sofre com ataques em meio a embate geopolítico entre Rússia e EUA.
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Ataque químico contra rebeldes matou ao menos 80 pessoas, incluindo 27 criançasREUTERS/Bassam Khabieh |
Em
meio ao embate geopolítico que Rússia e EUA travam na Síria e à falta de ação
de outras nações, o povo sírio continua a viver em estado de calamidade. A
guerra civil que assola o país desde 2011 divide o governo e opositores,
deixando também milhares de vítimas civis. Extremistas do EI (Estado Islâmico)
dominam parte do território sírio, espalhando ainda mais terror na população.
Russos
defendem o governo de Bashar al Assad e consideram o presidente um aliado na
luta contra o terrorismo. Já os americanos questionam a legitimidade de Assad,
explica Fernanda Magnotta, coordenadora de relações internacionais FAAP
(Fundação Armando Alvares Penteado). Ambos agem realizando ataques com mísseis
e bombardeios que já tiraram a vida de civis.
— É um campo de batalha
conceitual e nessa quem sofre é o povo. EUA e Rússia têm interpretações muito
diferentes sobre seus próprios papéis nesse conflito e sobre o que é melhor
para a Síria. Os americanos têm a tendência em defender a implementação de
agenda democrática. Eles acreditam que, desde a Primavera Árabe, o governo
Assad não é mais legítimo. Por isso, mesmo durante o governo Obama, tinha toda
essa ideia de apoiar os rebeldes sírios, de buscar a substituição do Assad, e o
combate ao terrorismo que era visto como uma segunda frente de ação. Do outro
lado, nós temos a Rússia, que mantem, há muito tempo, essa relação estratégica
com a Síria e que também tem interesse em combater o terrorismo, mas que
entende o governo Assad como um aliado nessa luta. E que não aceita a ingerência
política de outros países no sentido de substituir um governo que, na leitura
deles, é um governo legítimo.
Nesta
semana, a situação se tornou ainda mais complicada após o governo de Assad ser
acusado de usar armas químicas em um ataque contra rebeldes, que matou ao menos
80 pessoas, incluindo 27 crianças. Em resposta, Donald Trump autorizou um
ataque de mísseis americanos contra uma base área síria. Nove civis, incluindo
quatro crianças, foram mortos.
— Essa é uma situação bem
delicada, que pode não avançar e se circunscrever a esse episódio isolado, como
também pode apresentar um potencial de escalda. O que vai determinar esse
cenário é o tipo de comunicação que for estabelecida entre EUA e Rússia, e
quanto cada um deles vai estar disposto a ceder, em termos daquilo que eles
praticam com a Síria. Eu tendo a acreditar que o ataque dos EUA foi isolado,
que por conta própria já cumpriu o papel pretendido e marcou as posições que
eram interessantes para o governo americano. Mas a reação é sempre imprevisível.
Fonte: R7
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