Temer
enquadra siglas "infiéis" para aprovar reformas.
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Cúpula de Temer está pressionando ministros e suas bases. Ueslei Marcelino/Reuters - 12.4.2017 |
Diante
de sinais de rebelião no Congresso, a cúpula do governo endureceu o tom e
decidiu cobrar dos ministros que enquadrem as bancadas aliadas, sob pena de
ficarem insustentáveis nos cargos. O Palácio do Planalto quer agora que os
partidos mais divididos fechem questão para conseguir aprovar a reforma da
Previdência. Os parlamentares que desrespeitarem a ordem correm risco de
punição.
O
PMDB deve ser o primeiro a dar o exemplo. Depois de mostrar infidelidade em
votações consideradas mais leves, como a da terceirização e a do requerimento
de urgência, anteontem, para a reforma trabalhista, o partido do presidente
Michel Temer sofre cada vez mais pressão do Planalto.
"Fechar questão é um
instrumento legítimo para o partido marcar posição", afirmou o líder do
governo no Senado, Romero Jucá (RR), presidente do PMDB. Interlocutores de
Temer observam que, com a estratégia, os parlamentares poderão dizer aos
eleitores que foram obrigados a seguir diretriz do partido para aprovar as
mudanças na aposentadoria.
Em
fevereiro, Jucá protagonizou confronto público com o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, para quem a tendência do
partido era liberar a bancada na votação da reforma da Previdência. "Não
temos tradição leninista", disse Moreira, na ocasião.
De
lá para cá, porém, o governo sofreu derrotas na Câmara e as delações da Lava
Jato contribuíram para aumentar a crise. É tanto o esforço do Planalto para
mostrar força e transmitir a mensagem de que a Lava Jato não parou o governo
que Temer já planeja recorrer a ministros-deputados para a aprovação da reforma
da Previdência.
Dos
28 ministros, 12 são deputados licenciados que podem voltar ao posto, se
necessário, para ajudar Temer na Câmara. Os ministros também foram orientados a
intensificar o contato com os parlamentares e a procurar individualmente os
integrantes de suas bancadas.
A
ideia é que eles apresentem ao governo um mapeamento de como votará cada
deputado. "Os ministros vão ter de trabalhar suas bancadas. Senão, vão ter
de deixar os cargos", avisou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Recado
Na
lista dos "traidores contumazes" estão PSB, PRB e PPS, embora o
próprio PMDB e o PSDB também tenham se mostrado infieis. Nesta semana, os
ministros Leonardo Picciani (Esporte) e Max Beltrão (Turismo), ambos deputados
licenciados, participaram da reunião da bancada do PMDB. Ali o recado foi
claro: quem votar contra a reforma terá de devolver os cargos.
O
ministro da Cultura, Roberto Freire, também ameaçou sair se o PPS enfrentar o
governo na reforma da Previdência. A advertência foi feita a parlamentares após
as traições verificadas na votação da terceirização.
Considerado
o aliado mais infiel, o PSB deve fechar questão, mas contra as reformas da
Previdência e trabalhista. "Há uma avaliação de integrantes da bancada de
que esse governo está tendo uma inflexão excessivamente liberal", disse o
presidente do PSB, Carlos Siqueira.
O
líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), também afirmou que o partido não
obrigará ninguém a votar com o governo. Assegurou, porém, que o DEM é favorável
à reforma da Previdência.
Fonte: Estadão Conteúdo,
com informações do R7
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