Pesquisa
indica que 27% das mulheres nordestinas já sofreram violência doméstica.
Nos estados do Nordeste
brasileiro, 27% das mulheres com idade entre 15 e 49 anos já foram vítimas da
violência doméstica praticada por maridos, companheiros ou namorados. As
cidades onde essa violência foi maior são Salvador, Natal e Fortaleza. Esses
são alguns dos dados levantados pela Pesquisa Condições Socioeconômicas e
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, apresentada na tarde desta
quarta-feira (23) no auditório da representação da ONU no Brasil, em Brasília.
Elaborada em parceria
com o Instituto Maria da Penha e coordenada pelo professor José Raimundo
Carvalho, da Universidade Federal do Ceará, a pesquisa revela os impactos
sociais, econômicos, emocionais e psicológicos nas vítimas e também na família,
especialmente em crianças e adolescentes. Foram ouvidas 10 mil mulheres por 250
entrevistadores.
No lançamento, a
secretária nacional de Direitos da Mulher, da Presidência da República, Fátima
Pelaes, lembrou que a inclusão do fator econômico nos dados da pesquisa é
fundamental para a formulação de politicas públicas, porque a violência contra
as mulheres afeta a renda das trabalhadoras:
“É
importante que a sociedade entenda que a violência doméstica está impactando a
economia em torno de R$ 1 bilhão por ano. Precisamos envolver todo mundo nessa
luta. As empresas precisam entender isso. Daí a ideia de formação da Rede
Brasil Mulher, para mobilizar todos e todas no combate a essa violência, que
passa de geração em geração”.
Para Fátima Pelaes, a
educação escolar tem um papel importante e, por isso, pediu ao Ministério da
Educação que inclua a igualdade de gênero nos livros didáticos.
Ao apresentar os
números, o professor José Raimundo Carvalho lembrou que a violência doméstica
existe em todos os países, sem exceção, e custa muito caro aos cofres públicos,
por isso cobrou políticas públicas para enfrentar o problema. “No Brasil,
tivemos três ações que ajudaram a combater a violência doméstica: os programas
Bolsa Família e de microcrédito e a Lei Maria da Penha, mas não possuímos
instrumentos para entender as relações de poder que fomentam a violência”.
Carvalho destacou que,
entre as mulheres brancas com nível de educação superior, o percentual de
vítimas é dez vezes menor do que entre as pretas sem qualquer instrução, e
“isso deixa clara a desigualdade social e racial entre as mulheres que sofrem a
violência”.
Fonte: Agência Brasil
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