COP
22: compromisso de reduzir aquecimento global não tem volta, diz organização.
Os
países participantes da 22ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP
22) reafirmaram o compromisso de reduzir o aquecimento global e de construir
uma agenda de trabalho para chegar a esse objetivo em dois anos. A avaliação é
do secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, e do
coordenador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Marcelo Furtado.
A
conferência, que teve início no dia 7 de novembro e terminou ontem (18), no
Marrocos, teve o objetivo de regulamentar os detalhes sobre o Acordo de Paris.
Esse pacto representa um esforço de mais de 190 países para conter as emissões
de gases de efeito estufa e, com isso, limitar o aumento da temperatura média
global a bem abaixo de 2 graus Celsius.
Ritll
e Furtado lembraram que a COP 21, realizada em 2015, na França, teve um caráter
político. Já a conferência deste ano foi técnica, com o objetivo de definir a
agenda de trabalho. “O Brasil contribuiu para que a gente tivesse a construção
de uma agenda que pode entregar bons resultados nos próximos dois anos. Depende
do empenho de todos os países”, disse Rittl.
“Os países deram um sinal
inequívoco que o compromisso não tem volta”, ressaltou Furtado.
Para
Rittl, é hora do Brasil fazer a lição de casa e definir como vai tirar o
compromisso do papel. O secretário executivo destacou que o ministro do Meio
Ambiente, José Sarney Filho, afirmou, na conferência, que a meta do Brasil é
limitar o aquecimento a 1,5 grau e instigou outros países a fazerem o mesmo.
Rittl
defende que o Brasil inclua as mudanças climáticas como tema central da sua
agenda de desenvolvimento. Atualmente, na avaliação dele, esse assunto é um
tema acessório. Ele acrescentou que é preciso realizar o cadastro ambiental
rural, recuperar áreas desmatadas ilegalmente e vincular o crédito rural a
medidas de cuidados com o meio ambiente.
Para
Furtado, existe um compromisso no Brasil não só do governo, mas também das
organizações da sociedade civil e do setor privado “em fazer acontecer”. “Vai
exigir uma orquestração conjunta. É muito importante o papel do setor privado e
dos organismos de financiamento”, destacou.
Furtado
defendeu a implementação do Código Florestal, assistência técnica para
programas de baixo carbono e ampliação dos estudos de estratégias de
restauração de áreas degradadas. Ele também defendeu a remuneração de
proprietários de áreas com florestas “em pé”, além de financiamentos “mais
generosos” para quem pratica a agricultura de baixo carbono.
Ontem,
o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou uma avaliação preliminar do governo
brasileiro sobre a COP 22. O documento aponta que a conferência
deste ano representa um "ponto de partida”, com foco na definição do
chamado "livro de regras", que estabelecerá como será a implementação
das obrigações assumidas em Paris.
O
informe também expõe a posição adotada pelos representantes brasileiros na
conferência, como a visão de que o Acordo de Paris é irreversível e de que é
necessário acelerar os trabalhos para que ele seja implementado. Além disso,
aponta a necessidade, debatida na COP 22, de os países desenvolvidos ampliarem
seu nível de financiamento, definindo um “mapa do caminho” que demonstre como
se chegará ao objetivo dos US$ 100 bilhões anuais em 2020.
O
Brasil participou da COP com 271 delegados, entre representantes do governo, da
academia, de entidades privadas e de organizações não governamentais. No total,
foram 87 participantes ligados ao governo - incluindo 16 parlamentares - e 184
da sociedade civil.
Fonte: Agência Brasil
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