Papa
Francisco ordena 17 novos cardeais.
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Novos cardeais em cerimônia na Basílica de São Pedro (Foto: Stefano Rellandini/ AFP) |
Dezessete
novos cardeais foram ordenados neste sábado (19) pelo papa Francisco. O
consistório (assembleia de cardeais) para um novo colégio cardinalício foi
celebrado neste sábado na basílica de São Pedro.
Cada
novo "príncipe da Igreja" se ajoelhou de forma ritual diante do
pontífice para receber seu barrete púrpura, uma cobertura eclesiástica que se
ajusta à cabeça e que tem forma quadrangular, assim como o anelo de cardeal.
"Amem, façam o bem,
abençoem e rezem", afirmou o papa, antes de lamentar que o
"desconhecido ou o imigrante ou o refugiado" se transformem às vezes
para nós em um "inimigo".
"Viemos de países
distantes (...) com idiomas, cores e costumes diferentes (...) pensando de
forma diferente e celebrando a fé com ritos diferentes. E nada disto nos
converte em inimigos", declarou Francisco em uma homilia.
O
novo colégio está integrado por 228 membros, que podem auxiliar o papa em sua
atividade diária. Mas apenas 121 deles têm menos de 80 anos e podem participar
no famoso conclave que elege um novo papa e que, potencialmente, podem suceder
o argentino Francisco.
O
pontífice, de 79 anos, que ordenou cardeais pela terceira vez desde sua eleição
em 2013, nomeou pessoalmente mais de um terço dos cardeais eleitores.
Ao
revelar os nomes dos escolhidos, o papa disse que a sua escolha reflete mais
uma vez a "universalidade da Igreja", em oposição a uma tradição mais
centrada no passado, na Europa, ou até mesmo na Itália.
De
fato, 13 homens de todos os continentes se convertem neste sábado em cardeais
eleitores: três europeus, três americanos, um mexicano, dois sul-americanos -
incluindo o arcebispo de Brasília, Sérgio da Rocha -, dois africanos, um
asiático e um da Oceania.
Quatro
cardeais com mais de 80 anos - não eleitores portanto - têm um estatuto mais
honorário.
Um
condenado à morte
Todos eles são arcebispos ou bispos, com exceção de um
simples padre albanês, Ernest Simoni, de 88 anos, perseguido durante a ditadura
comunista do tirano Enver Hoxha. Condenado à morte por ter celebrado uma missão
em memória do presidente americano John Kennedy, Simoni cumpriu 18 anos de
trabalhos forçados, na prisão e em uma mina. Ao visitar a Albânia em 2014,
Francisco ficou impressionado e emocionado com a história de vida deste
resistente católico.
Outra
opção original é a de um "núncio apostólico" (embaixador do papa) na
Síria, país "mártir" e incessantemente presente nas orações de
Francisco. O monsenhor Mario Zenari não aceitou abandonar o posto que ocupa há
oito anos em Damasco, onde tenta dialogar com as diferentes partes do conflito.
Além
disso, o monsenhor Dieudonné Nzapalainga, envolvido em uma plataforma
inter-religiosa para a paz em seu devastado país, se tornou o primeiro cardeal
da história da República Centro-Africana. Aos 49 anos, ele é o mais jovem dos
novos cardeais.
A
'periferia' do papa
O pontífice argentino,
que não gosta muito da palavra periferia, ordenou cardeais do Lesoto,
Papua-Nova Guiné, Ilhas Maurício, Bangladesh e Malásia, países que têm pela
primeira vez alguém em tal posto.
Outro
fato de destaque é o de que o papa selecionou apenas um prelado da Cúria romana
(governo do Vaticano). Trata-se no entanto de alguém novo: o americano nascido
na Irlanda Kevin Farrell, que estava em Dallas e foi nomeado em agosto prefeito
do novo "dicastério" (ministério) da laicidade, da família e da vida.
Outros
dois americanos escolhidos, os arcebispos Blase Cupich de Chicago e Joseph
Tobin de Indianápolis, são considerados prelados mais "progressistas"
pela imprensa católica, com a defesa do espaço da mulher na Igreja e da
imigração.
E
outro eleito, o monsenhor Jozef De Kesel, arcebispo de Malinas-Bruxelas, já
falou sobre a questão da manutenção do caráter obrigatório do celibato para os
sacerdotes.
O
novo conclave terá agora 45% de eleitores da Velha Europa (contra 52% quando o
papa Francisco foi eleito em março de 2013), 14% da América do Norte, 12% da
África, 12% da Ásia, 11% da América do Sul, 3% da América Central e 3% da
Oceania.
A
mudança reflete mais a presença majoritária de católicos no hemisfério sul do
planeta, enquanto a Europa avança no processo de secularização.
Fonte : G1
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