Descubra
como escreve o poeta tangaraense Daniel Valente.
O jovem poeta tangaraense,
Daniel Valente, concedeu entrevista ao portal comoeuescrevo.com, e falou sobre a
sua rotina diária dedicada a leitura e a escrita.
Em seu instagram,
Daniel também destacou a sua participação no projeto “Como eu Escrevo” e
agradeceu o convite feito pelo idealizador do projeto José Nunes.
Acompanhe abaixo a
entrevista concedida pelo poeta.
Por
José Nunes
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
O dia começa sempre depois de
um café (é igual no Brasil, que o ano só começa depois do Carnaval) e da
leitura, que pode ser de algum livro em específico ou de qualquer texto que
encontro ou reencontro pela casa. Mas escrevo e gosto de ler poemas, na maioria
das vezes, é por eles que procuro quando acordo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum
ritual de preparação para a escrita?
Depois do café e da leitura eu
me sinto confortável para trabalhar em meus textos, na grande maioria das
vezes, rascunhos feitos em dias anteriores. Não costumo me sentar para escrever
um poema novo e quando sento eles parecem não acontecer, o poema não tem hora
marcada.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados?
Você tem uma meta de escrita diária?
Um pouco todos os dias. Como
dito antes, eu não costumo me sentar para escrever um poema novo, o que faço é
trabalhar em rascunhos feitos em dias anteriores. Essa é a minha meta, ir
fechando as portas que deixo abertas ou a depender da subjetividade da coisa,
ir abrindo as portas que deixo fechadas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas
suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Trabalho diariamente em
anotações que vou fazendo sempre que algo me desperta um sentimento novo, tendo
isso acontecido, eu me permito em outro momento experimentar mais desse
sentimento, me provocando em relação ao que ele pode ou não me oferecer. Esse
processo de provocação acontece de vários “jeitos”, às vezes dentro de casa e
às vezes pelas ruas da cidade, procuro encontrar algo novo sobre o que estou
escrevendo. Acredito que esse algo novo pode estar em qualquer lugar
ou pessoa, por isso saio à procura do desconhecido e dos desconhecidos também.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o
medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos
longos?
Há algum tempo eu venho
trabalhando na escrita dos meus dois primeiros livros e em outros textos que
gostaria muito que florescessem. O medo existe. Medo de não conseguir terminar,
medo de não conseguir publicar, medo de publicar e depois se arrepender por acreditar
ter publicado algo sem importância e tantos outros medos que nos fazem parar,
mas também continuar acreditando que se a dúvida existe é porque existe uma
outra possibilidade.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles
estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de
publicá-los?
Muitas vezes e em dias
diferentes, quando estou com muitas dúvidas sobre como deveria escrever eu me
distancio e depois volto para os textos na tentativa de senti-los de maneira diferente.
Descobri a declamação antes da escrita e isso funciona como um exercício que me
deixa confortável para mostrar os meus poemas para outras pessoas. Comecei a
declamar ainda criança e atualmente me apresento no projeto Insurgências
Poéticas, criado pelos também poetas potiguares, Thiago Medeiros e Marina
Rabelo, o sarau acontece desde 2016 em diversos espaços da capital potiguar e
também tem circulado por outras cidades brasileiras, proporcionando uma espécie
de intercâmbio entre artistas de versos e diversos. Mas existe também um seleto
grupo de amigos a quem confio mostrar os meus escritos antes de torná-los
públicos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros
rascunhos à mão ou no computador?
No celular ou em algum papel
que encontro jogado dentro da bolsa, já rascunhei muita coisa em cupons fiscais
e bulas de remédio, mas na maioria das vezes, eu costumo gravar as ideias que
tenho e depois às trabalho no computador. Acredito que isso esteja relacionado
à declamação. Meus poemas quase sempre nascem na oralidade, foi o que disse,
Ana Mafra, professora do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte) em um ensaio que fez sobre mim. Achei bonito
e acredito nisso. E ainda sobre tecnologia, tenho uma relação
maravilhosa com a impressora, amo imprimir os textos depois de prontos, gosto
de senti-los materializados em minhas mãos, é como segurar um livro.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você
cultiva para se manter criativo?
Vem de todos os lados e de
todas as pessoas e por isso eu não costumo ter medo do que pode ou não
acontecer. Gosto do inesperado e costumo sair de casa à procura dele.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos
anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros
textos?
Mudou muita coisa mas se eu
pudesse voltar no tempo eu não diria pra fazer muito diferente. Tudo que eu
tenho feito é tentado encontrar o meu jeito de dizer as coisas e isso não
precisa mudar. Eu preciso continuar tentando.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que
livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de fazer um projeto
específico com outros poetas declamadores, algo com uma linguagem teatral mais
trabalhada, talvez uma história narrada em versos, tendo na trilha sonora a
musicalidade brasileira… Sobre o livro que gostaria de ler e ele ainda não
existe, eu não sei, mas acredito que existem muitos livros que eu gostaria de
ler e ainda não sei que eles existem. Espero descobrir logo.
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