Renan
Calheiros anuncia que deixa liderança do PMDB no Senado.
O
senador Renan Calheiros (AL) anunciou nesta quarta-feira (28) em plenário que
decidiu deixar a liderança do PMDB no Senado. A escolha do novo líder será no próximo dia 4.
Segundo
a colunista do G1Andréia Sadi, o líder do governo na Casa, Romero Jucá
(PMDB-RR), articula para o senador Garibaldi Alves (RN) assumir o
posto. Garibaldi, porém, nega interesse na vaga e defende que Raimundo Lira
(PB) substitua Renan.
Ex-presidente
do Congresso Nacional, Renan passou a ocupar a função no início deste ano e,
desde então, tem adotado postura contrária ao governo do
presidente Michel Temer, criticando, principalmente, as reformas da Previdência
Social e trabalhista.
"Deixo
a liderança do PMDB. Devolvo, agradecido aos meus pares, o honroso cargo, que
procurei exercer com a dignidade merecida, sempre orientado pelos objetivos
mais permanentes no país."
Na
sequência do discurso, Renan fez duras críticas ao governo e afirmou que não
serve para ser "marionete".
Ao
plenário, o senador acrescentou que, se permanecesse na função, isso
significaria que ele havia decidido ceder às exigências de um governo que trata
o PMDB como um "departamento" do Poder Executivo.
"Ingressamos
num ambiente de intrigas, provocações, ameaças e retaliações, impostas por um
governo, suprimindo o debate de ideias e perseguindo parlamentares."
'Vocação
para marionete'
Ao
dizer que não tem "a menor vocação para marionete", Renan Calheiros
afirmou que o governo do presidente Michel Temer não tem credibilidade para
conduzir as reformas propostas ao Congresso Nacional.
Para
o senador, as reformas sacrificam os mais pobres e discriminam regiões e, por
isso, ele decidiu "ficar com a sociedade".
"Estamos
diante da degradação do bicameralismo, com a imposição da vontade de uma Casa à
outra, sobretudo quando essa vontade é contrária aos direitos das pessoas mais
pobres. Cabe-nos aceitar a situação ou reagir a ela. De minha parte, não tenho
a menor vocação para marionete. O Governo não tem credibilidade para conduzir
essas reformas exageradas, desproporcionais, que, antes de resolverem o
problema, agravam a questão social."
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O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado) |
Postura
'covarde' de Temer
No
discurso, de pouco mais de 15 minutos, Renan Calheiros disse, ainda, que não
"detesta" Michel Temer, mas não "tolera" a postura
"covarde" do presidente de "desmonte" das leis
trabalhistas.
Ao
avaliar que a situação política do país é "gravíssima", o senador
acrescentou, na sequência, que a crise tem se aprofundado todos os dias e, por
isso, cabe ao Congresso Nacional defender os interesses do país, sem que os
parlamentares se apeguem a cargos no governo.
"Não
detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem. Longe disso. Não tolero é a
sua postura covarde diante do desmonte da Consolidação do Trabalho. A situação
econômica e política do país é gravíssima. Todos os dias vemos o aprofundamento
do caos e começamos a trilhar um preocupante caminho que, ao longo da história
do Brasil, nunca acabou bem"
O
Palácio do Planalto informou à TV Globo que não comentará as declarações de
Renan.
Em
outro momento, durante entrevista a jornalistas, o senador disse, ainda, que o
governo "é como cobra, até morto faz medo".
Influência de Cunha
No
pronunciamento desta quarta, Renan voltou a dizer, como tem feito desde o início do ano, que o
governo de Michel Temer é influenciado pelo ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), preso em Curitiba.
"Como
mudar o pensamento de um governo comandado por Eduardo Cunha?"
Renan,
então, se referiu às delações de executivos da JBS segundo as quais Temer deu aval para pagamentos de propina a Cunha para
evitar que o ex-deputado feche acordo de delação - o presidente nega.
Na
sequência, o senador disse que o líder do governo na Casa, Romero Jucá
(PMDB-RR), aliado de Temer, cometeu "ledo engano" ao dizer em Cunha
estava "politicamente morto". Os "últimos acontecimentos",
acrescentou Renan, mostram que o deputado, mesmo preso, nomeou ministros e deu
ordens ao governo.
Fonte: G1
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