Robinson
Faria utiliza sua página na internet para agradecer ao RN a oportunidade lhe concedida
como governador.
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sua página
Gratidão
ou ingratidão?
ou ingratidão?
Depois
de 32 anos de vida pública, exercendo mandatos eletivos até chegar ao cargo de
governador, em 2015, numa eleição que as pessoas denominaram “a vitória do
impossível”, tomo a liberdade de fazer com vocês uma reflexão de um dos
sentimentos mais nobres do ser humano que é a “gratidão”.
Deus
nos deu o livre arbítrio para que pudéssemos escolher os nossos próprios
caminhos. O tema “Gratidão ou Ingratidão” há muito vem sendo discutido por
filósofos, poetas, escritores e até na Bíblia Sagrada, por Davi, que desabafa
com Deus sobre a ingratidão no salmo 41, onde daqui a pouco farei menção.
Santo
Agostinho falou muito sobre a ingratidão, comentando que é a maior fraqueza do
homem. Enquanto que a gratidão é a maior das virtudes. Alguns poetas escreveram
que a ingratidão é o câncer da alma; e outros que a gratidão é a memória do
coração.
É
bom lembrar que Jesus curou dez leprosos e apenas um voltou para agradecer.
Voltando
a Davi, no salmo 41, ele indagava a Deus num tom de decepção e desabafo: “Eles
dizem assim: ele está muito mal mesmo e não vai se levantar mais”. Davi
continua “Até o meu melhor amigo, em quem eu tanto confiava, aquele que tomava
refeições comigo, até ele se virou contra mim”.
Em
outro momento, Davi também desabafou: “Todos os que me odeiam falam de mim,
cochichando e pensam que o pior vai me acontecer”. E chega o momento de maior
angústia, e pergunta a Deus: “Os meus inimigos falam mal de mim e perguntam:
Quando será que ele vai morrer e ser esquecido?”
Quero
deixar claro que essa narrativa que divido com vocês não tem motivação
política, assim como não reflete o fato de não ter sido vitorioso na última
eleição para o governo.
Tenho
consciência de que procurei governar cumprindo o juramento que fiz a Deus:
“Governar para os que mais precisam”. Me orgulho do RN ser o estado que hoje
tem o maior programa de acesso à alimentação do Brasil, oferecendo mais de um
milhão de refeições, num preço simbólico de 1 real, saciando a fome de milhares
de desempregados. O Transporte Cidadão, oferecendo transporte gratuito para
doentes crônicos, pessoas com necessidades especiais, idosos. Somos o único
estado do Brasil que oferece esse serviço.
Sei
que muitos vão falar: “Mas Robinson deixou atrasar o pagamento do servidor”.
Quero pedir a sua paciência para uma reflexão, com honestidade e sem o calor da
batalha eleitoral.
Como
governador, infelizmente, só tinha duas escolhas para tomar. A primeira seria a
mais cômoda, mais fácil, vamos chamar assim, que seria demitir 20 mil
servidores, e assim teria governado os quatro anos sem atraso.
A
outra opção, que foi a que escolhi, não demitir e lutar, perseverar e esperar
um apoio da União, que foi dado a outros estados e aqui nunca chegou. Vocês
sabem que não tive apoio político, muito pelo contrário, fui boicotado por
aqueles que derrotei em 2014, quiseram me enfraquecer para voltar ao poder. Eu
sabia que a minha decisão de não demitir me levaria ao atraso salarial e, por
consequência, ao gigantesco desgaste político.
Mas
a noite, quando vou dormir, não imagino a cena de um pai ou uma mãe, uma
enfermeira, um policial, um médico e tantos outros servidores chegando em casa
e falando pra família: “Estou desempregado, não sou mais servidor do Estado”.
Essa culpa eu não levo.
Fui
aconselhado por muitos a demitir os servidores. Vários governadores demitiram e
foram reeleitos. Falaram também: “Governador, o estado tem três milhões e
quinhentos mil habitantes, não serão vinte mil que irão derrotá-lo.
Vejam,
meus amigos, o que vivi, o que passei sentado naquela cadeira solitária com a caneta
na mão para assinar as demissões.
Tomo
hoje a liberdade para abrir o coração, com toda a fé que Deus me deu, que para
mim a escolha estava na ambição de um novo mandato ou no coração de não
castigar milhares de pais, mães e filhos.
Falam
que governar não pode ter coração. Não vejo dessa forma, sei que a minha
escolha custou a minha derrota. Os servidores não entenderam, não compreenderam
que eu estava garantindo o futuro deles.
Perdi
a eleição, mas não perdi a dignidade, a gratidão, o sentimento de justiça!
O
coração venceu a ambição, essa é a grande vitória.
Se
Deus e o povo anônimo me deram a missão de governar o RN, no momento mais
difícil da sua história, é porque Deus conhecia o meu coração.
Lembro
que o povo até comentou que a minha vitória em 2014 foi semelhante à de Davi
contra Golias.
Não
fui eu quem quebrei o RN. Não fui eu quem quebrei o Brasil. Não fui eu quem
quebrei a Petrobras, que era um braço forte da nossa economia. Recebi o estado
mais falido do Nordeste. Também não tive culpa do meu governo ter enfrentado a
maior seca dos últimos cem anos, dizimando o setor primário e contribuindo para
abalar ainda mais as nossas finanças.
Mas
nunca desanimei, sabia que seria o governo do impossível, da superação, da
perseverança e da esperança. Mesmo com todas as tempestades que enfrentei, com
coragem e humildade, combatendo o bom combate, deixo um legado de mais de 1.300
obras, em diversas áreas, como por exemplo na saúde com a construção de 160
leitos de UTI acabando com a fila da morte. Hospitais regionais que esperavam
décadas por cirurgias ortopédicas para não dependerem mais do Walfredo Gurgel,
em Natal. Pau dos Ferros, Caicó, Currais Novos, Macaiba, Parnamirim, o novo
Hospital da Polícia Militar com vinte novos leitos de UTIs, com a reforma e ampliação,
o hospital saiu de 60 para 130 leitos, aumentamos o tamanho em seis vezes.
E
tantas outras obras esperadas há décadas como o Anel Viário Metropolitano, a
Moema Tinoco, a Estrada da Castanha em Serra do Mel, o aeroporto comercial de
Mossoró já com voo da Azul.
O
resgate do turismo gerando milhares de empregos, o novo Centro de Convenções de
Natal, que passou de 6 mil para 13 mil lugares. Temos hoje o Centro de
Convenções mais bonito do Brasil.
Enfim,
poderia ficar aqui prestando contas de obras históricas, mas deixo o tempo, que
é o senhor da Verdade, tocar o coração dos norte-rio-grandenses.
Voltando
ao tema “Gratidão”, só tenho a agradecer a Deus, aos meus seis filhos que Deus
me deu, ao povo amigo do RN que me deu a missão de ser o seu governador em
2014.
Terminando
aqui a nossa conversa, confesso que escrevi do começo ao fim com os olhos tomados
de lágrimas. Tive que parar algumas vezes para rezar, me recompor e pedir a
Deus inspiração!
A
minha contribuição depois de ter sofrido na alma a dor da ingratidão muitas
vezes.
Nunca
percam dentro de si o sentimento da gratidão, mesmo que não seja retribuído.
Deus estará vendo o seu coração, é Ele quem nos julgará.
Peço
desculpas pelos meus erros, continuo aqui torcendo pelo nosso Rio Grande do
Norte.
Amo
todos vocês. Que Deus abençoe a todos!
Muito
obrigado!
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